Nampula, (Moçambique), 18 Mai (AIM) – O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) compromete-se a desembolsar 387 milhões de dólares para financiar o novo Programa Nacional de Cooperação com o governo de Moçambique, durante o período de 2022-2026, dos quais 107 milhões de recursos regulares e 280 milhões ainda por mobilizar.
Projecta ainda mobilizar outros fundos para acções de emergência em conformidade com os planos de resposta humanitária e os apelos da acção humanitária para as crianças.
O facto foi anunciado terça-feira na cidade de Nampula, capital da província homónima, num evento que contou com a presença do secretário de Estado, Mety Gondola e do governador provincial, Manuel Rodrigues.
O novo Programa Nacional de Cooperação perspectiva concentrar as suas intervenções nas províncias Nampula, Sofala, Zambézia e Cabo Delgado, visando o nexo integrado triplo acções humanitárias, desenvolvimento e consolidação da paz.
O UNICEF fundamenta que as intervenções nas províncias de Nampula e Zambézia justificam-se por concentrarem 40 por cento da população infantil de Moçambique, 6,2 milhões de crianças, bem como parte considerável da população moçambicana.
A representante-adjunta do UNICEF em Moçambique, Katarina Johansson sustenta que a colaboração centra-se na sobrevivência e bem-estar da criança; sua aprendizagem e construção de competências; protecção contra a violência, exploração e abuso; no acesso à água segura, saneamento e higiene bem como a serviços de protecção social.
“Em primeiro lugar, este é um momento único e imperdível na história para investir nas crianças em Moçambique. Um momento em que investimentos judiciosos permitirão ao país experimentar um verdadeiro dividendo demográfico que beneficie não só as crianças, mas também desenvolver o capital humano no país como um todo”, afirmou.
A responsável enumerou os pontos fundamentais que norteiam a acção do UNICEF nas províncias definidas como prioritárias.
“Tanto o foco como a escala são fundamentais de modo que, ao concentrarmos as nossas atenções onde são mais necessárias – em distritos específicos em cada uma das nossas quatro províncias prioritárias – Zambézia, Nampula, Sofala e Cabo Delgado, ao mesmo tempo que damos prioridade aos sistemas que produzem à escala, e ao promovermos ligações entre sectores, com base na liderança e no envolvimento local, podemos impulsionar melhorias significativas na vida das crianças em Moçambique”.
Para o caso particular de Nampula, o UNICEF considera que investir nas crianças vai reduzir o risco de pobreza multidimensional, apoiar o bem-estar e a resiliência no contexto de desastres naturais.
Katarina Johansson pontuou que a sua organização persegue a protecção, a inclusão da deficiência e a igualdade de género para liderar uma abordagem à programação baseada nos direitos humanos e contribuir para um mundo mais justo e equitativo sem deixar ninguém para trás.
O UNICEF está presente em Moçambique desde 1975, onde já enfrentou vários desafios, incluindo a guerra, recuperação pós-conflito e construção da paz, pobreza, desastres naturais recorrentes e o HIV/SIDA.
Estatísticas recentes indicam que a província de Nampula tem 3.521.679 crianças, de 6.490.271 de residentes, o que representa mais de 20 por cento do total da população infantil que vive em Moçambique.
As crianças enfrentam uma tripla crise: alterações climáticas; pandemia e surtos de doenças; conflito armado.
O Índice de Desenvolvimento Humano de 2020 coloca Moçambique no 181º lugar dentre 189 países e, segundo o PNUD, (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o país ocupa a 139ª posição entre 159 países no Índice de Desigualdade de Género.
Rosa Inguane /sg
(AIM)