
Moçambique é um dos beneficiários de um financiamento do governo dos EUA no valor de 14 milhões de dólares por ano, durante a próxima década, para a reconstrução dos distritos afectados pelo terrorismo, na província de Cabo Delgado, na região norte.
O facto foi anunciado pela subsecretária dos Estados Unidos para Assuntos Políticos, Victoria Nuland, em conferência de imprensa minutos após uma audiência que lhe foi concedida pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, em Maputo.
“O valor vai permitir ao governo dos Estados Unidos trabalhar na reconstrução de Cabo Delgado e no resto do país, na capacitação de jovens para o emprego e, deste modo, desencorajar que sejam recrutados pelos terroristas”, explicou Nuland.
Para o efeito, Moçambique e os Estados Unidos deverão assinar, brevemente, um acordo de cooperação.
“O fundo já foi aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos e o acordo poderá ser assinado dentro dos próximos dois meses”, anunciou.
As partes também abordaram a segurança alimentar, tendo Nuland afirmado que o continente africano, no geral, está a sofrer os efeitos da estiagem. No caso particular de Moçambique, a situação é exacerbada pela invasão da Rússia à Ucrânia, em Fevereiro último.
“Os Estados Unidos e outros parceiros do mundo estão empenhados para resolver a insegurança alimentar”, disse a fonte, sublinhando que 30 por cento do trigo consumido no país é proveniente da Ucrânia que está neste momento atracado nos portos daquele país europeu.
Nuland anunciou que o governo norte-americano também vai desembolsar um valor adicional de 40 milhões de dólares para reforçar a segurança alimentar, sobretudo em Cabo Delgado.
Acresce a este montante cerca de 10 milhões de doses da vacina contra a Covid-19, produzida pela companhia farmacêutica Pfizer, para a imunização de adolescentes na faixa etária 11 – 17 anos.
Nuland aproveitou a oportunidade para congratular Moçambique pela sua eleição a membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, um mandato de dois anos que inicia a 01 de Janeiro próximo.
Nuland acredita que o país tem uma valiosa experiência a partilhar com os outros países do mundo, sobretudo nos processos de paz.
Apontou como exemplo de sucesso, o programa de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração dos homens armados da Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, actualmente em curso no país.
“Moçambique vai trazer uma valiosa contribuição e acredito que tem muito a ensinar ao mundo”, disse.
Nuland encontra-se a fazer numa digressão pelo continente africano, onde já escalou Djibuti e Somália, tendo como próxima paragem a Nigéria.