Os operadores de transporte público de passageiros, vulgo Chapas, paralisaram a sua actividade na manhã desta segunda-feira, na capital moçambicana, Maputo, em protesto contra a recente subida do preço de combustíveis, que torna o negócio insustentável.
“Queremos o reajuste da tarifa de transporte porque o preço de combustível não pára de subir. Este negócio tornou-se insustentável, é como se trabalhássemos em vão”, afirma um condutor, em anonimato, adiantando que sem o reajuste da tarifa de passageiros “não há condições para se trabalhar.”
“Perdemos a capacidade de abastecer os autocarros e estamos a ser forçados a parquear as viaturas”, afirma um outro condutor, também em anonimato.
A mais recente subida de combustíveis foi anunciada, sexta-feira última, pela Autoridade Reguladora de Energia de Moçambique (ARENE).
O preço de um litro de gasóleo subiu 11,4 por cento de 78,97 para 87,97 meticais. Para a gasolina o aumento é de apenas 4,4 por cento, ou seja de 83,3 para 86,97 meticais por litro. Esta é a primeira vez que o gasóleo se tornou mais caro que a gasolina em Moçambique.
Nas principais paragens de transporte público observa-se um elevado número de pessoas aglomeradas a procura de meios para chegar aos postos de trabalhos ou para os seus afazeres do dia-a-dia. A maioria das pessoas nestes aglomerados eram trabalhadores e estudantes.
Na Praça dos Combatentes, exactamente no parque de estacionamento de viaturas, vendedores ambulantes (entre homens, mulheres e crianças) misturavam-se com passageiros desesperados e agastados com a situação.
“Não há transporte. Dizem que não nos podem levar porque o preço de combustíveis subiu”, disse uma senhora com o rosto coberto de suor, de tanto gritar, para criticar a subida do custo de vida.
“Está tudo insustentável. Para comer já é um problema e, para piorar, o preço de transporte sobre todos dias”, disse um cidadão que se identificou pelo nome de Mário.
Os comerciantes também decidiram encerrar as suas lojas, contentores de comida e barracas por temerem actos de vandalismo.
“Estamos preparados para tudo. Sabemos que há muitos oportunistas nestas crises, por isso decidimos não abrir as nossas lojas”, afirmou um comerciante de produtos de beleza, adiantando que “em momentos de crise, os comerciantes são as maiores vítimas. As nossas lojas acabam sempre sendo vandalizadas sempre.”
A poucos quilómetros da Praça dos Combatentes, uma zona conhecida por Expresso, que serve de ponto de ligação entre os bairros de Hulene e Laulane, nos arredores da cidade, o cenário era o mesmo: ausência de transporte, pessoas aglomeradas nas paragens, alguns estabelecimentos comerciais encerrados e ambiente de muita tensão.
“Estamos mal. Estamos aqui desde que amanheceu e não há nenhum chapa”, revelou um passageiro, sublinhando que “há rumores que em algumas zonas há vandalização de infra-estruturas e de viaturas privadas.”
Alguns automobilistas particulares ofereciam-se para levar passageiros, a troco de 15 a 20 meticais.