A União Inter-Parlamentar (UIP) poderá formar deputados da Assembleia da República (AR), o parlamento moçambicano, incluindo funcionários do secretariado-geral, nas áreas de técnicas legislativas.
O facto foi anunciado hoje, em Maputo, pela presidente da AR, Esperança Bias, no final de um encontro de trabalho que manteve com o presidente da UIP, Duarte Pacheco.
Pacheco está de visita a Moçambique, a convite de Bias. Esta é a primeira visita de um presidente da UIP, na história do país.
“Vamos trabalhar no sentido de ver se este ano ainda podemos conseguir a formação de parlamentares e funcionários, não só em Moçambique, como em outros parlamentos”, disse Bias, falando à imprensa.
A presidente da AR disse ainda que, durante o encontro, abordaram assuntos de interesse bilateral, o aprofundamento das relações de amizade e cooperação existentes entre as duas instituições parlamentares.
Por seu turno, Pacheco disse que a UIP pauta por um diálogo efectivo para fazer crescer a democracia e os parlamentos mundiais, sobretudo dando uma contribuição na participação equilibrada de género nas decisões políticas.
Apelou à participação de mais jovens na política, de forma a terem ocupação e se distanciarem dos actos de bandidismo, como os que ocorrem na região norte de Moçambique.
“Se os jovens não se sentirem representados e não forem chamados a participar, podem, porventura, ficar mais dispersos, ou mais livres, para ideias extremistas que nós não o defendemos. Portanto, a forma de combater essas ideias é envolver os jovens na acção política”, afirmou.
Relativamente a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, o presidente da UIP anunciou a criação de uma delegação de Alto Nível que, no próximo sábado, deverá efectuar uma visita nos dois países, para reunir com os respectivos e “tentar construir uma ponte que foi quebrada, porque, só com essa ponte, é que se pode voltar a ter diálogo; e o diálogo é fundamental para a paz”.
A delegação de Alto Nível da UIP é composta por dois presidentes de parlamentos africanos, sendo a presidente da Assembleia Nacional da África do Sul, Nosiviwe Mapisa-Nqakula, e o presidente da Assembleia Nacional da Namíbia, Peter Katjavivi.
Pacheco disse que a delegação vai “tentar” porque “há um problema que temos que abraçar e temos que ver como é que podemos dar um contributo para resolver, como é o caso da Ucrânia; temos que tentar, pelo menos”.
O presidente da UIP é o primeiro de um país de língua oficial portuguesa a estar no lugar cimeiro na história da organização.
Esta terça-feira (05), Pacheco e comitiva efectuam uma visita ao Centro de Acolhimento dos Deslocados e Vítimas do terrorismo, instalado na província nortenha de Nampula.
Com a duração de quatro dias, a visita do presidente da UIP tem como objectivo o reforço da cooperação, particularmente na troca de experiências e de boas práticas entre as duas instituições parlamentares, assim como assuntos candentes a nível internacional.