O Presidente da União Interparlamentar (UIP), Duarte Pacheco, defende a manutenção do apoio concedido às vítimas dos ataques terroristas na província nortenha de Cabo Delgado, em Moçambique, apesar da actual conjuntura socioeconómica que afecta a maioria dos países do mundo inteiro.
Segundo Pacheco, as vítimas do terrorismo não devem ser esquecidas sob pena de deixarem de fazer parte das prioridades dos parlamentos internacionais.
Pacheco, que falava hoje, em Maputo, minutos após o término da audiência que lhe foi concedida pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, citou como exemplo o conflito russo-ucraniano que fez desaparecer o terrorismo das manchetes dos jornais e dos primeiros minutos dos noticiários das televisões internacionais.
“Daí que é preciso alertar a comunidade internacional que o problema ainda persiste e que o apoio para o combate ao terrorismo não só através de formação, mas através de meios, tem que continuar”, disse.
Advertiu que os deputados, que jogam um papel nos seus respectivos países, poderão pensar em outras prioridades na hora de aprovar o orçamento, e “Moçambique pode desaparecer do radar desses parlamentares’.
Acrescentou que, neste momento, as atenções estão viradas para outros temas da actualidade, pelo que o terrorismo corre o risco de ser totalmente esquecido.
“Portanto, a generalidade das atenções estão viradas para outros assuntos. Por isso, temos que ser nós, amigos de Moçambique, a repor o assunto na agenda”, disse
Referiu que os recursos estão escasseando em todos os lados e, portanto, se surgir um outro fenómeno que mexa com esta tendência os recursos naturalmente que serão canalizados para lá.
Por isso, assegurou que na Assembleia da organização, que terá lugar em Outubro próximo, vai falar com os parlamentares dos 178 Estados para que juntos possam trazer novamente para a primeira página o assunto sobre o terrorismo para que este mal seja reduzido a sua insignificância e garantir todo o apoio necessário.
Pacheco também manifestou o interesse da sua organização de estreitar os laços com o parlamento moçambicano.
“Estreitar esses laços com o objectivo de capacitar os parlamentares, o pessoal técnico para desempenhar melhor as suas funções porque é um processo que não tem fim uma vez que as tecnologias evoluem e também porque há sempre uma renovação de parlamentares o que significa que essas acções devem ser contínuas’, realçou.
Disse ter constatado, durante a visita, progressos assinaláveis na democracia moçambicana, que considera de estável, multipartidária e sólida.
Fundada em 1889 e com sede na Suíça a União Interparlamentar é uma organização internacional dos parlamentos dos Estados soberanos, cujo objectivo é mediar os contactos multilaterais dos parlamentares.