O Banco de Moçambique (BM), o regulador do sistema financeiro no país, adverte para uma contínua pressão inflacionária que a curto prazo poderá atingir dois dígitos, devido a vulnerabilidade da economia, provocada pela actual conjuntura macro-económica internacional e outros factores exógenos.
Apesar das incertezas sobre a estabilidade de preços para os próximos dias, o BM assegura que fará o seu papel de manter, a médio prazo, uma inflação baixa e estável, inferior a dois dígitos, dentro de um quadro da implementação de política monetária nacional, tomando decisões oportunas que influenciem a taxa de juro.
O alerta foi feito hoje, em Maputo, por Emílio Rungo, quadro sénior do BM, durante um briefing com a imprensa, sobre o ponto de situação da implementação da política monetária.
“No médio prazo, a perspectiva do Banco Central é de manter a inflação em um dígito, no entanto, a curto prazo e no imediato, prevemos que haverá pressão elevada sobre a inflação, resultante dos preços praticados no mercado”, disse Rungo.
Avançou que, no prazo de 15 a 60 dias, de acordo com a calendarização interna, o Comité de Política Monetária (CPMO) do BM vai reunir para avaliar a situação actual de subida generalizada de preços e tomar medidas adequadas para conter a inflação, com vista a mitigar os efeitos de vários choques à economia.
“Neste momento, estamos a analisar a economia no cenário actual, tendo em conta as incertezas e os riscos que prevalecem e, no devido momento, haverá uma decisão que será tomada pela Comité de Política Monetária, em função das nossas previsões a médio prazo”, vincou.
Sobre o impacto do conflito militar Rússia-Ucrânia no custo de vida no país, a fonte disse que as trocas comerciais com ambos os países é insignificante, pois representa cerca de 1,0%, sendo os principais produtos o tabaco e grafite.
O conflito Rússia-Ucrânia acaba tendo um impacto indirecto.
“Existe um efeito indirecto da guerra sobre a nossa economia, apesar de o nosso comércio externo com a Rússia e Ucrânia ser apenas de 1,0%. Os efeitos indirectos traduzem-se basicamente no aumento de preços de combustíveis e outros produtos no mercado internacional”, explicou.
Sobre as perspectivas do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a fonte afirmou que está alinhado com as projecções do governo que apontam para uma recuperação da actividade económica com efeito num crescimento na economia na ordem de 3,0%, sustentado pelo arranque de projectos energéticos em Temane, província de Inhambane, zona sul do país, e na bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado, zona norte.
Um aspecto particular é a retoma do apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Moçambique, que vai ajudar a reforçar o Orçamento do Estado, aliviar a dívida pública e a pressão sobre a taxa de câmbio, algo que poderá concorrer para uma rápida recuperação da economia.
Sobre a actual estabilidade do Metical face ao dólar, que tem levantado questionamentos, a fonte explicou que está a ocorrer um relativo conforto no mercado cambial que concorre para a estabilidade da taxa de câmbio, fundamentalmente explicado pela confiança e fluidez de divisas, traduzido por um equilíbrio na procura e oferta.
“A depreciação da moeda ocorre num regime de taxa de câmbio flutuante, o que não ocorre actualmente. O que determina a taxa de câmbio é a dinâmica de procura e oferta”, vincou.