Domingos Mossela, da AIM, em Lisboa
O Primeiro-ministro português, António Costa, decidiu este sábado cancelar a visita a Moçambique prevista para segunda e terça-feira, dias 11 e 12 de Julho corrente, no âmbito da V Cimeira Bilateral entre Portugal e Moçambique, devido “às previsões meteorológicas que indicam um agravamento muito sério do risco de incêndio rural nos próximos dias”.
A visita a Moçambique foi anunciada em Junho último pelo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação de Portugal, Francisco André. O governante português considerou, na ocasião, que a V Cimeira Bilateral entre Portugal e Moçambique, na capital moçambicana, Maputo, seria um ‘bom momento’ para o balanço do plano estratégico de cooperação entre os dois países.
“Face às previsões meteorológicas que indicam um agravamento muito sério do risco de incêndio rural nos próximos dias, especialmente entre domingo e quarta-feira, o Primeiro-ministro cancelou a visita oficial a Moçambique, prevista para os próximos dias 11 e 12 de Julho, de modo a estar permanentemente disponível no país”, lê-se num comunicado divulgado este sábado pelo gabinete de António Costa.
Segundo o comunicado, António Costa “contactou telefonicamente o Presidente [de Moçambique], Filipe Nyusi, explicando pessoalmente esta situação”.
“Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países agendarão nova data com a maior brevidade possível”, lê-se ainda.
A V Cimeira bilateral entre Portugal e Moçambique esteve marcada para 04 e 05 de Novembro de 2021, mas foi adiada devido ao chumbo do Orçamento do Estado para 2022 português, que levou à dissolução do parlamento, a Assembleia da República (AR), e à convocação de eleições legislativas antecipadas. As legislativas antecipadas foram realizadas em Janeiro de 2022, tendo o Partido Socialista (PS), liderado por António Costa, vencido com maioria absoluta.
“Esta cimeira será um bom momento para fazer o balanço do programa estratégico de cooperação, que já terminou, e também para trabalharmos e perspectivarmos o futuro”, sublinhou Francisco André.
O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação (SENEC) português falava em Maputo, após um encontro com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Manuel Gonçalves, para preparação da cimeira.
Segundo referiu, o novo programa de cooperação entre os dois países, a ser discutido também na cimeira, vai focar-se na educação, saúde e ambiente, consideradas “áreas fundamentais”.
O governante português avançou ainda que a cimeira deverá igualmente “avaliar e sublinhar” a cooperação militar entre Moçambique e Portugal, visando, principalmente, “expressar a total e inequívoca solidariedade” face à ameaça terrorista no norte de Moçambique, particularmente na Província de Cabo Delgado.
“Queremos que seja uma cimeira com bastante conteúdo e que demonstre bem este relacionamento que ambos os países qualificam de excelente ao nível diplomático, político e económico”, referiu.
A iniciativa servirá também para lançar o Compacto Lusófono, programa através do qual Portugal disponibiliza garantias financeiras de 400 milhões de euros para investimentos nos países africanos lusófonos, segundo a agência Lusa.