O Administrador do Parque Nacional da Gorongosa, o moçambicano Pedro Muagura, foi reconhecido publicamente como vencedor do prémio Kenton R. Miller para Inovação em Parques Nacionais e Sustentabilidade de Áreas Protegidas, durante o Congresso de Áreas Protegidas, evento que teve lugar semana passada, na capital ruandesa Kigali.
O prémio foi atribuído a Muagura pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e pela Comissão Mundial de Áreas Protegidas (WCPA) em Agosto de 2020, na Suíça, como reconhecimento pelo seu papel na protecção da biodiversidade em Moçambique.
“Devido à pandemia do COVID-19, Pedro Muagura viu-se limitado para participar na cerimónia de atribuição do prémio organizado pela IUCN e WCPA”, explica em comunicado a Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC).
Muagura participou no Congresso na qualidade de convidado especial da cerimónia, tendo sido escolhido para apadrinhar o momento da atribuição da premiação dos Melhores Fiscais do Mundo, onde cada Fiscal recebeu cerca de 10.000 dólares americanos em reconhecimento do seu trabalho árduo para a protecção da biodiversidade.
Confrontado com o dilema de desmatamento contínuo, perda de biodiversidade e a luta pela subsistência dos agricultores locais, após a guerra dos 16 anos em Moçambique, Muagura teve a ideia de cultivar café nas encostas das montanhas desmatadas.
Para o efeito, propôs aos camponeses para enveredarem pelo plantio de café na sombra árvores nativas replantadas, para servir como fonte de renda e, ao mesmo tempo, restaurar a floresta.
Perante o cepticismo inicial, Muagura prevaleceu com a sua ideia, embora ninguém tivesse qualquer experiência no cultivo de café na zona da Gorongosa, ou mesmo em muitas partes de Moçambique.
Trabalhou em estreita colaboração com a comunidade para entender as suas necessidades e demonstrar que os benefícios da restauração superariam os ganhos de curto prazo da agricultura de corte e queimada.
Também teve que entender e envolver a mulher, garantindo que elas tivessem autonomia para contribuir com viveiros de mudas e árvores recém-plantadas.
Actualmente, a população da Serra da Gorongosa planta cerca de 200.000 árvores de café por ano, juntamente com 50.000 árvores de floresta tropical, e as mulheres representam 50 por cento dos pequenos agricultores, que perfazem mais de 600 pessoas.
O Congresso de Áreas Protegidas, organizado pela IUCN, contou com o apoio de governos africanos e organizações internacionais ligadas a conservação da biodiversidade.
Moçambique participou no evento com uma delegação chefiada pela directora geral da ANC, Celmira da Silva.