Os automobilistas, na sua maior de longo curso, saúdam os esforços dos governos de Moçambique e Zimbabwe que trabalham para a abertura da fronteira de Machipanda, na província moçambicana de Manica, durante 24 horas por dia.
Embora ainda sem uma data para a sua concretização, a abertura daquele posto de travessia terrestre poderá acontecer dentro de alguns meses.
Porém, o funcionamento ininterrupto da fronteira estava para breve. O processo que envolve os dois países para a abertura da fronteira de Machipanda (24 horas) está numa fase bastante avançada.
A garantia neste sentido foi dada há dias, pelo director-geral do Serviço Nacional de Migração, Fulgêncio Seda, que, na semana passada, visitou a fronteira de Machipanda.
A fronteira de Machipanda liga, por terra, os dois países através da Estrada Nacional número sete (EN7), no centro do país, a partir da cidade da Beira.
“Esforços neste sentido estão a ser feitos envolvendo os governos dos dois países. A preocupação não é apenas de Moçambique. O Zimbabwe e outros países também estão interessados. Portanto, podemos afirmar seguramente que dentro de poucos meses será anunciada a abertura oficial da fronteira durante 24 horas/ dia”, disse Seda.
Acrescentou ser um pedido feito há bastante tempo pelos utentes daquela fronteira.
“A preocupação está a merecer maior atenção dos dois governos. Acreditamos que o mais urgente possível teremos uma solução que será mesmo facilitar, a qualquer hora, a circulação de pessoas e bens naquela fronteira”, assegurou.
Caso se concretize, a medida vai aliviar o sofrimento dos utentes da fronteira de Machipanda que, neste momento, funciona das seis às 22 horas.
A fronteira de Machipanda, para além de Zimbabwe, é bastante importante sob ponto de vista de desenvolvimento da região austral de África. Facilita a comunicação rodoviária com vários países do interland.
Mariano Denja, moçambicano de 56 anos de idade, é condutor de um veículo pesado de mercadorias há mais de 10 anos. Sempre usou a fronteira de Machipanda para chegar ao Zimbabwe, Zâmbia, Botswana e até à República Democrática do Congo (RDC).
Mostrou-se feliz pelo facto de os dois governos estarem a envidar esforços no sentido de encontrar uma solução definitiva para o funcionamento a tempo inteiro da fronteira Machipanda, uma situação que há muito preocupa os automobilistas nacionais e estrangeiros.
“É um problema muito sério. Imagine, saímos, por exemplo, da Beira, com mercadoria para o Zimbabwe. Ao chegar na fronteira, por vezes, somos obrigados a permanecer dois ou mais dias em longas filas à espera de procedimentos aduaneiros”, contou.
“Às 20 horas a fronteira fecha e reabre às seis da manhã do dia seguinte. Ficamos ao relento e sujeitos a qualquer acção de malfeitores que podem vandalizar a mercadoria’ explicou aquele automobilista bastante preocupado. “, lamentou Denja.
Disse ser mais difícil quando a carga é de produtos perecíveis e que o dono está à espera. “Verifica-se muita demora porque as filas de espera, na fronteira, por vezes atingem de sete a 10 quilómetros. Isso dificulta a nossa actividade. O nosso compromisso é satisfazer os nossos clientes. Entregar a mercadoria em tempo útil”.
Aliás, outro cidadão ouvido pela AIM é Silvestre Almeida, 47 anos de idade, também motorista de veículos de longo curso.
Disse ter perdido parte da sua mercadoria na fronteira de Machipanda. Uma vez pernoitou na fronteira e indivíduos desconhecidos rasgaram a lona do seu camião de onde retiraram algumas caixas de bolachas e outros produtos.
“Fiquei na fronteira durante três dias. Na manhã do segundo dia acordei e vi que algo estranho havia acontecido com o meu veículo. Parte da carga havia sido subtraída. Comuniquei à polícia. Mesmo assim não consegui recuperar o produto”, explicou.
Para Almeida, a abertura da fronteira 24 horas será o fim do sofrimento, pois vai viabilizar o processo aduaneiro e descongestionar aquele ponto de travessia.
“Queremos atravessar para Zimbabwe e Moçambique a qualquer hora. Chegar e pernoitar em zonas mais seguras. Para nós, será uma vitória como utentes desta fronteira. Ficamos felizes quando a notícia nos chegou sobre os avanços nas negociações neste sentido, entre os governos de Moçambique e Zimbabwe em liberar o funcionamento da fronteira”, afirmou.
A fonte disse acreditar que a medida vai, de certa maneira, contribuir para incrementar os níveis de receitas dos dois países, devido ao fluxo de mercadoria em circulação durante 24 horas.
No entender deste automobilista, para além de flexibilizar a sua actividade, os dois Estado sairão a ganhar, no que diz respeito à arrecadação de receitas.
“É mais mercadoria que estará em trânsito de e para Moçambique. Acreditamos que será um ganho para todos, porque serão mais receitas a serem encaixadas pelos dois Estados. Esta é uma fronteira muito importante para a região Austral de África, porque faz a ligação directa com o porto da Beira”, disse Almeida.
A fronteira de Machipanda é a terceira mais importante do país. Liga por terra Moçambique com os países do interior através do corredor da Beira.
O corredor da Beira, sobretudo a Estrada Nacional número Seis (EN6), é um dos eixos rodoviários mais movimentados da região centro de Moçambique.
Em média circulam por aquela via mais de 300 viaturas de longo curso por dia.