A persistência de elevados índices de malária e desnutrição em Nampula preocupa os parlamentares da Comissão do Plano e Orçamento da Assembleia da República, em trabalho de fiscalização à acção governativa, nesta província do norte de Moçambique.
Dados apresentados pelo governador provincial, Manuel Rodrigues, indicam que no primeiro semestre do corrente ano foram notificados 1.529.863 casos de malária, com um saldo de 44 óbitos. Em período homólogo de 2021 foram registados 1.491.070 casos com 34 óbitos, que corresponde a uma subida de 2,6 e 29,4 por cento respectivamente.
A preocupação foi expressa pelo presidente da referida comissão, António Niquice, em entrevista a AIM, após encontros com o governador provincial e o secretário de Estado, Mety Gondola.
“Persistem desafios no que diz respeito a problemática da malária que é uma doença com implicações significativas na saúde pública e deixamos recomendações para que o governo possa atacar esse problema”, disse.
Referiu que a malária tem cura. Entretanto, lamenta o facto de parte considerável da população moçambicana recorrer à medicina tradicional como fonte primária. Por isso, defende que urge fazer um trabalho conjunto com os médicos tradicionais para que encaminhem os pacientes a tempo de receberem tratamento hospitalar adequado.
O parlamentar acrescentou “há um grau significativo de índices de mortalidade por causa da malária, portanto são necessárias medidas de prevenção, higienização, saneamento do meio e uso de redes mosquiteiras, principalmente para as mães gestantes e, naturalmente, o processo terapêutico. É preciso dar a conhecer as comunidades que a malária tem cura”.
Niquice mostrou-se desconsolado com os elevados índices de desnutrição em Nampula, a despeito da grande produção de alimentos que se relata e observa.
“É preocupante a saúde nutricional, ainda temos graves problemas na província. Notamos que se produz muita quantidade e variedade de alimentos, então é uma questão de educação alimentar”, disse.
A esse respeito, acrescentou, “notamos um grande esforço do governo da província no sentido de garantir a segurança alimentar e nutricional, com um grande nível de produção. A província deve continuar a promover melhores hábitos alimentares para que os cidadãos possam desfrutar do que produz, sobretudo as crianças”.
Niquice afirmou que depois dos encontros com os governantes locais, constatou-se que há um esforço significativo das autoridades em promover acções que minimizem o sofrimento da população, em grande medida ampliado pelos danos causados provocados pelas intempéries que no iniciou deste ano assolaram a província.
“A província de Nampula, foi fustigada pelo ciclone Gombe, o que afectou gravemente o grau de materialização das despesas que estava planificado, mas o plano foi reestruturado, exactamente para atacar os danos sofridos na área de infra-estruturas como escolas e vias de acesso. A impressão que temos é que a província está num bom caminho”, anotou.
Sobre a actual crise dos transportes devido ao aumento dos preços dos combustíveis, que afecta todo o país, Niquice reconheceu ser esta uma grande preocupação local.
“O transporte é um grande assunto devido ao crescimento populacional versus a crise internacional, então há uma engenharia que deve ser feita para que os custos não afectem o bolso do cidadão”, apontou.
A Comissão vai trabalhar durante mais duas semanas na província de Nampula, a mais populosa de Moçambique com 6,3 milhões de habitantes, que representa cerca de 20 por cento da população moçambicana.