Os Estados membros da SADC tencionam intensificar a cooperação e troca de experiências para assegurar uma melhor protecção do ecossistema da floresta do Miombo, ao longo da bacia do grande Zambeze, com foco na preservação do meio ambiente na região, no continente e no planeta.
O compromisso surge numa altura em que a acção humana, ligada a exploração insustentável dos recursos, uso inapropriado dos solos e prática de agricultura degradante, ameaça a biodiversidade e manutenção da bacia hidrográfica do Zambeze, ao longo do qual vivem mais de 40 milhões de pessoas em oito países atravessados do rio.
É neste âmbito que a SADC realiza desde ontem, em Maputo, uma conferência regional, de dois dias, durante a qual os participantes vão discutir iniciativas de maneio florestal mais sustentáveis e necessidade de governação florestal mais viradas para os desafios da actualidade e perspectivas do futuro, na exploração sustentável e integrado da floresta do Miombo.
O Primeiro-ministro, Adriano Maleiane, que abriu o evento, vincou a importância de um maior compromisso dos países para assegurar a protecção de um dos maiores ecossistemas de florestas tropicais a nível da África e do mundo, que cobre uma área de 1,9 milhões de quilómetros quadrados na região.
O governante explica que a implementação de acções coordenadas na região vai mitigar os impactos negativos sobre o ecossistema do Miombo resultante da pressão humana e dos efeitos das mudanças climáticas.
“Estamos certos que só desta forma é que iremos assegurar a exploração sustentável dos ecossistemas do Miombo para o benefício da nossa geração e das gerações vindouras”, disse Maleiane.
No caso de Moçambique, a floresta do Miombo representa cerca de dois terços da cobertura florestal total, estendendo-se desde o norte da província de Gaza, zona sul até ao Rio Rovuma, zona norte do país, daí a sua importância socioeconómica na vida das comunidades.
Para a académica moçambicana, Natasha Ribeiro, membro da Rede do Miombo “Miombo Network”, que se dedica a estudos sobre a região, falando num dos painéis do evento, considera um ecossistema social por beneficiar e alimentar perto de 70 por cento da população rural na região da África Austral.
Segundo a fonte, sob o ponto de vista comercial, o Miombo suporta não só as economias rurais de subsistência, como também as economias nacionais ao longo de toda a região, apontando a indústria madeireira e o turismo baseado na natureza como sendo as que possuem um potencial elevado para a geração de receitas.