Os Estados membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) selaram semana finda (05), em Maputo, a capital moçambicana, o compromisso de regenerar, proteger, e gerir, de forma partilhada e sustentável, a floresta do Miombo.
Trata-se da Declaração de Maputo Sobre o Miombo, um instrumento de cooperação regional que visa acelerar a busca de recursos para a regeneração do ecossistema florestal a nível da bacia hidrográfica do Zambeze, Rio Congo e seus afluentes, bem como colocar o Miombo na agenda das discussões globais sobre o ambiente.
O instrumento também estabelece uma zona tampão florestal nas margens do Rio Zambeze e promove estratégias de boas práticas de gestão sustentável.
O compromisso foi assumido por 10 países durante a sessão de alto nível dirigida pelo estadista moçambicano, Filipe Nyusi, e seu homólogo zimbabweano, Emmerson Mnangagwa, na presença dos ministros responsáveis pelas áreas do ambiente, terra e biodiversidade dos Estados membros da SADC.
A Declaração de Maputo, primeiro instrumento do género na região sobre a matéria, elegeu o Presidente moçambicano para estar na linha da frente, assegurando a operacionalização da Declaração, mobilizando apoio técnico e financeiro para a implementação das iniciativas do Miombo, a nível global, para o bem do interesse colectivo.
No seu discurso, Nyusi considerou a Declaração de Maputo como um marco histórico na consolidação dos compromissos nacionais e regionais visando o incremento de acções de protecção e conservação da floresta do Miombo no grande Zambeze.
Na visão de Filipe Nyusi, o instrumento mostra a forma como os africanos, no geral, e a SADC, em particular, estão alinhados na acção climática.
Vincou a forma como os países estão profundamente empenhados no multilateralismo na sua cooperação.
“Quando trabalhamos juntos grandes coisas acontecem graças ao consenso que emerge das perspectivas partilhadas. A Declaração promove acções conjuntas coordenadas e integradas para a recuperação, gestão, monitoria e conservação das florestas do Miombo”, disse.
Na sua qualidade de Coordenador da iniciativa, Nyusi que ver transformada a floresta do Miombo numa plataforma para o estabelecimento de confiança na geração e partilha de benefícios para cerca de 40 milhões de pessoas que vivem ao longo da bacia do Zambeze e 300 milhões de pessoas que habitam na região.
Por sua vez, o estadista Zimbabweano, Emmerson Mnangagwa, disse que as florestas do Miombo são as maiores da África Austral e Central, cobrindo uma área de 2.7 milhões de quilómetros quadrados.
As mesmas florestas abrangem vários países, incluindo o Zimbabwe, figurando-se como um dos ecossistemas mais importantes do mundo, daí a necessidade da sua preservação do ponto de vista de exploração sustentável.
Aponta como desafio para a preservação do Miombo, no Zimbabwe, a agricultura itinerante, a produção de energia e o desmatamento que tem um impacto significativo, uma vez que as comunidades locais dependem da floresta para sua subsistência.
“A floresta do Miombo é a mais predominante no Zimbabwe, por isso temos interesse na sua preservação para a melhoria da qualidade de vida das nossas comunidades. Temos que encontrar formas de conjugar as práticas de exploração sustentável da floresta do Miombo com as necessidades de sobrevivência das comunidades”, disse Mnangagwa.
Revelou que seu país está a restaurar as florestas degradadas até 2030, com recurso ao conhecimento das comunidades. O objectivo é mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
Por isso, o estadista zimbabweano olha para a Declaração de Maputo como instrumento oportuno que deve ser operacionalizado por todos os Estados membros da região.