
Presidente da República, Filipe Nyusi, manifestou ontem, em Maputo, o seu optimismo e satisfação com a retoma do crescimento económico de Moçambique que, no primeiro semestre do corrente ano, atingiu a cifra de 4,59%.
“A avaliação do desempenho da nossa economia durante o primeiro semestre deste ano indica que a nossa economia cresceu em 4,59% acima das projecções iniciais, acima da média de crescimento das economias da região e acima do continente”, disse Nyusi durante o lançamento do Pacote de Medidas de Aceleração Económica.
Referiu que projecções para 2022 apontavam para o crescimento do Produto Interno Bruto de 2,9% contra uma taxa de crescimento de 2,1% registada em 2021.
Segundo Nyusi, este crescimento foi impulsionado pelo bom desempenho da agricultura, pecuária, caça, silvicultura, exploração florestal, e actividades relacionadas que, em conjunto, tiveram o maior peso no PIB de 23,57% seguido pelo ramo de comércio e serviços.
Pesou ainda a restauração da paz e segurança na região centro de Moçambique, fruto do Acordo de Maputo de Paz e Reconciliação Nacional que, no domingo (07), completou o seu terceiro aniversário.
Sobre os ataques terroristas na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, Nyusi afirmou que regista-se uma redução considerável graças a ofensiva das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FDS) apoiadas pela sua congénere do Ruanda e da Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM).
Nyusi também manifestou o seu apreço “pelos heróicos voluntários da força local, os veteranos da luta de libertação nacional com os seus descendentes”.
O Chefe de Estado moçambicano aproveitou a oportunidade para renovar o pedido do governo. “Continuamos a precisar de apoios para sustentar o combate ao terrorismo no norte para nós e os nossos parceiros do Ruanda porque os recursos, incluindo da SAMIM ou SADC, não são ilimitados e o terrorismo não tem prazos”.
Ainda tudo indica que o país está a reverter a tendência negativa com relação a balança comercial agrária.
No primeiro semestre deste ano conseguimos reduzir o défice da balança comercial e as exportações cresceram em 69 por cento, com destaque para o aumento de exportações de leguminosas, oleaginosas e de outras culturas como algodão, castanha de caju, macadâmia, tabaco e chá.
Exprimiu a sua preocupação com os sucessivos choques internos e externos sem precedentes que têm afectado seriamente o desempenho da economia, condicionado o seu ritmo de crescimento.
“Um destes choques, nos últimos anos, foi a retirada do apoio externo ao Orçamento do Estado devido a razões sobejamente conhecidas”, disse o Chefe de Estado, referindo-se ao maior escândalo financeiro e que ficou conhecido “Caso Dividas Ocultas).
Com a retirada do apoio, o Orçamento do Estado sofreu um desfalque na ordem de 800 milhões de dólares por ano, que teriam sido investidos em programas de desenvolvimento, incluindo as áreas da saúde, educação, estradas, abastecimento de água, entre outras.
Aliás, antes da retirada do apoio ao Orçamento do Estado, Moçambique era uma das 10 economias do mundo com um crescimento acelerado. O cenário mudou e o país entrou em recessão marcada pela forte depreciação do metical, subida da taxa de inflação e redução do espaço fiscal.
Entretanto, Nyusi considera que o maior revés foi a perda da confiança dos investidores, “mas hoje podemos dizer que Moçambique continua em pé e na rota do crescimento”.
Com relação aos desafios que Moçambique enfrenta, Nyusi apontou os ataques terrorista em Cabo Delgado que já causaram mais de 850 mil deslocados internos, a pandemia da Covid-19 e os frequentes eventos climáticos extremos.
Para melhor ilustrar referiu que Moçambique enfrentou mais de nove ciclones nos últimos quatro anos. Estes desastres naturais causam perdas de infra-estruturas públicas e privadas na ordem de 100 milhões de dólares.
A conjugação destes eventos o resultado foi um abrandamento do crescimento do PIB que caiu de uma média de 7,3 por cento por ano, entre 2006 e 2014, para uma média de 2,3 por cento nos últimos sete anos.
O conflito na Ucrânia e as sanções impostas a Rússia vieram a agravar a conjuntura da macroeconomia mundial provocando pressões inflacionárias a escala global, por isso, a inflação em Moçambique no fim do primeiro semestre de 2022 atingiu uma média de 7,22 contra uma previsão inicial de 5,3 por cento.
Entretanto, Nyusi manifesta o seu optimismo e defende que Moçambique tem tudo para dar certo citando como exemplos uma extensa linha de costa, com os melhores portos de África, vastas extensões de terra para agricultura para abastecer os mercados nacional, regional e global, um grande potencial energético capaz de contribuir para as soluções que o mundo e a região procuram.
Por isso, como forma de estimular o rápido crescimento da economia, o Presidente da República lançou o Programa de Medidas de Aceleração Económica.
É um pacote de 20 medidas de reforma com foco em duas áreas de intervenção que constituem a base para a retoma do crescimento económico, nomeadamente medidas fiscais e de estímulo à economia e medidas que visam a melhoria do ambiente de negócios, transparência, governação e de aceleração de projectos de infra-estrutura estratégica.
Participaram no evento, membros do governo, sector privado, associações económicas, sociedade civil, representantes de parceiros de cooperação para o desenvolvimento, entre outros.