A mortalidade infantil em Moçambique reduziu de 151 por mil nascidos vivos, em 1990, para 53 por mil nascidos vivos, em 2019, disse a vice-ministra da Saúde, Farida Urci.
Segundo a governante, durante a última década, as taxas reduziram de 1.390 mortes maternas por 100 mil nascimentos vivos, em 1993, para 452 por 100 mil nascimentos vivos, em 2017.
Observou que a redução revela, de certa forma, uma melhoria na atenção da mulher, que vai desde o período antes da concepção através das intervenções de planeamento familiar, durante a gravidez, a partir das intervenções integradas da consulta pré-natal, até o parto.
Urci falava na cerimónia de lançamento do Plano Estratégico 2022-2027, da Associação Moçambicana de Obstetras e Ginecologistas (AMOG), que teve lugar hoje, em Maputo.
“Como sector, aproveitamos o ensejo para saudar a AMOG, na qualidade de comunidade de profissionais médicos, que com as suas intervenções na área de saúde da mulher, adolescentes e crianças, no que concerne ao planeamento familiar, rastreio do cancro cervical, atenção pré e pós-natal, atendimento ao parto normal e a complicações obstétricas, tem contribuído para a redução da morbi-mortalidade materna e, peri e neonatal ao longo da última década”, disse.
Dados mais recentes do Ministério da Saúde (MISAU) revelam que a taxa de mortalidade materna no país é de 400 para cada 100 mil partos, sendo considerada alta pela Organização Mundial de Saúde (OMS), apesar de ter alcançado a meta estabelecida para os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) das Nações Unidas.
Para uma melhor assistência pré-natal no país, através da expansão da rede sanitária, tanto dos cuidados primários, assim como hospitais, o que vai culminar com um aumento de consultas pré-natais e de partos institucionais, Urci aponta como desafios na área de saúde da mulher e criança a promoção da saúde materna, neonatal e Infantil, sendo necessário mobilizar recursos e estabelecer alianças entre os sectores, público, privado e a sociedade civil.
Factores tais como, ciclones e cheias, ataques terroristas, e muito recentemente, a pandemia da COVID-19, exigem do MISAU uma adaptação das acções para que possam cobrir a assistência sanitária nas comunidades, muitas vezes, deslocadas, o que aumenta a demanda dos serviços de saúde em locais antes não previstos.
“Reduz a nossa capacidade assistencial nas zonas afectadas quando se verifica a destruição de infra-estruturas”, vincou a vice-ministra.
Para Urci, compreender os factores que determinam a elevada mortalidade materna no país, é “meio caminho andado” para acelerar a redução da mesma.
“No nosso contexto, sabemos que as questões que devemos atacar são: aumentar a qualidade e a cobertura das consultas pré-natais; aumentar a cobertura de partos institucionais realizados por pessoal qualificado; aumentar a taxa de prevalência de contracepção, com enfoque para os métodos de longa duração; oferecer um aborto seguro; e advogar para a prevenção das gravidezes prematuras”, disse.
Por isso, aconselhou um acompanhamento da gravidez e parto, por pessoal de saúde qualificado e responsável, como de importância vital para se poder detectar, tratar ou referir atempadamente qualquer complicação que possa ocorrer durante a gestação, evitando-se assim, tanto a morte da mulher, quanto o parto pré-termo.
“É também verdade que precisamos de ter um sistema de referência eficiente para reduzirmos as complicações”, disse Urci, acrescentado que “não podemos perder de vista que temos um número ainda significativo de partos que ocorrem a nível comunitário e que, entre os neonatos que morrem, um número significativo acontece nas nossas casas”.