A mulher rural quer ser contemplada na definição de estratégias visando desenvolver o país, apelando ao Governo mais atenção para sua inclusão nos sectores sócio-económicos, nomeadamente, agricultura, comércio, banca, entre outros.
“De facto tem um desafio muito grande, pois é ela quem produz, quem alimenta todo o país, mas sempre é esquecida. É esta mulher que nem participa nas capacitações na área da agricultura e muito menos tem o direito ao uso e aproveitamento da terra”, queixou-se Lizette Mucasse, representante das mulheres rurais em Moçambique.
Mucasse falava, em Maputo, na conferência em comemoração do Dia Internacional da Mulher Rural, que decorreu semana finda, sob o lema “Fortalecimento da Resiliência das Mulheres em Sistemas Agroalimentares”, tendo explicado que o vento permitirá partilha de experiências e troca de ideias em prol do desenvolvimento do país.
O Dia Internacional da Mulher Rural foi instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas através da resolução 62/136 de 18 de Dezembro de 2007 e é comemorado em 15 de Outubro de cada ano em reconhecimento do papel crítico e a contribuição das mulheres rurais, incluindo as mulheres indígenas, na melhoria do desenvolvimento agrícola e rural, segurança alimentar e erradicação da pobreza.
Referiu que, quando se trata de financiamento, a mulher rural não é considerada, pois costuma ir ao banco fazer empréstimo, o qual precisa de autorização do seu marido.
“Dou exemplo de mim, houve uma vez que fiz um projecto e ganhei, mas o meu esposo foi ao banco informar que eu não poderia beneficiar do crédito”, lamentou.
Salientou que as mulheres rurais não têm acesso à informação, mesmo sobre “Sustenta”, uma iniciativa do Governo que visa integração de sector familiar na cadeia de valor de produção agrícola.
“A sorte é que em Gaza, onde resido, tive a sorte de me informar através do acompanhamento. Todos tinham recebido tractor e eu tive que ir bater portas no Ministério da Agricultura para conseguir um tractor, sementes, entre outros, mas isto não basta, todas mulheres a nível de Moçambique também tinha que ter acesso, mas isto não acontece no nosso país”, vincou, dizendo que zela para que a mulher rural não seja esquecida porque ela é que abastece o mercado.
Enquanto isso, a Rainha da Gana, Dumaaley Kabu Kukor, disse que se está perante um país onde a mulher não tem terra própria, mas tem através do homem, marido ou irmão e trabalha na mesma terra.
Afirmou que “gostaria de proporcionar uma iniciativa produtiva em termos de concepção e percepção naquilo que é a mulher rural. Gostávamos mais de interagir com as mulheres rurais e ir ao campo, acolher a informação e experiências que elas têm tido, pois é de lá onde parte a nossa iniciativa”, disse.