O presidente da Renamo, Ossudo Momade, e o seu homólogo do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Simango, mantiveram ontem (12), em Maputo, um encontro que culminou com a discussão da vida socioeconómica do país, abrindo espaço para uma possível coligação política nos pleitos eleitorais que se avizinham.
“Todos sabem que estamos à porta das eleições autárquicas (2023). É preciso que encontremos uma forma de satisfazer os moçambicanos em relação ao projecto de libertação socioeconómica”, disse o presidente da Renamo, maior partido da oposição no país, adiantando que “não estamos a falar de coligação ainda. É prematuro falar de coligações.”
“Abrimos espaço para mais encontros, porque é preciso que encontremos uma forma de libertar os moçambicanos. Para a coligação, é preciso que trabalhemos e conheçamos os nossos partidos”, disse o presidente da Renamo.
Os moçambicanos, segundo Momade, passam por momentos difíceis, sendo que a morosidade do funcionamento das instituições e a corrupção constituem fenómenos que mais enfermam a Função Pública.
“Quando nos referimos à situação crítica vivida pelos moçambicanos, temos a destacar, em primeiro plano, a função pública que se debate com a corrupção e a morosidade que se faz sentir no atendimento ao utente”, disse Momade.
No que diz respeito à greve da classe médica, que se faz sentir desde o dia cinco do mês em curso, na sequência de descontentamento resultante da aplicação da recém-aprovada Tabela Salarial Única, Momade disse “a nossa população está entregue à sua sorte, ninguém sabe o que acontece nas enfermarias.”
“A greve dos médicos é preocupante e a grande responsabilidade está com o governo que não consegue resolver os problemas dos funcionários do aparelho do Estado”, argumentou.
Momade apelou ainda para que o governo busque soluções, de modo que as pessoas tenham uma assistência adequada nos hospitais, “porque não faz sentido que um paciente leve mais de 10 horas na fila de espera.”
Segundo o presidente da Renamo, as partes também discutiram sobre os recursos que estão a ser explorados no país, para com destaque o gás e areias pesadas.
“Os recursos não beneficiam os moçambicanos. Acompanhámos, através da imprensa, que o gás já está a ser exportado, mas nenhum de nós [partidos da oposição] foi informado. Desconhecemos os acordos existentes entre o Governo e as companhias”, afirmou.
Sobre os processos eleitorais, segundo o Presidente da Renamo, as partes debateram, também, a forma como são compostas as mesas de voto.
“Devemos trabalhar para criar uma lei que garanta a transparência eleitoral, de modo que os partidos da oposição também estejam nas brigadas das mesas de recenseamento”, defendeu.
Por sua vez, Lutero Simango, presidente do MDM, terceira força política em Moçambique, considerou que “este foi um encontro exploratório para a discussão da situação política nacional. Também falámos da situação socioeconómica do país.”
“Constatámos que o país está a ser mal-governado e capturado numa teia de corrupção generalizada”, argumentou Simango.
Segundo Simango, igualmente deputado da Assembleia da República (AR), o parlamento moçambicano, deve-se trabalhar em prol das mudanças na governação do país.
“Temos que trabalhar pela alternância política. Assumimos o compromisso de que haverá outros encontros em busca de soluções para Moçambique e bem-estar do povo.”
Simango afirmou ainda que se debateu questões ligadas ao desemprego e habitação para a camada juvenil, adiantando que “a solução para os problemas de Moçambique está nas nossas mãos.”