Médicos Estrangeiros Vêm Auxiliar Classe Congénere De Moçambique: Nyusi
Maputo, 21 Dez (AIM) – A contratação de cerca de 160 médicos especialistas estrangeiros visa auxiliar a classe congénere moçambicana e não deve ser entendida como sendo forma de substituir os médicos que operam nas unidades sanitárias do país.
O facto foi avançado hoje, em Maputo, pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, que acrescentou que em Moçambique, na dimensão exigida, há falta de médicos especialistas para diversas enfermidades.
“Os médicos estrangeiros não vêem substituir os [médicos] moçambicanos. Não desinformem os moçambicanos que precisam dos médicos estrangeiros”, disse Nyusi, durante a cerimónia de recepção oficial aos titulares dos órgãos de soberania e os demais dirigentes nacionais, por ocasião do fim do ano de 2022.
Pediu aos moçambicanos para que não espalhem boato sobre a vinda dos médicos especialistas ao país porque tal facto pode criar xenofobia.
Os poucos médicos moçambicanos estão concentrados nas grandes cidades, e não aceitam ir para as províncias.
“Estamos com problemas de médicos na província [nortenha] de Cabo Delgado porque quase não há ninguém; no Hospital Central [de Maputo] há problemas. Então, há especialidades que não temos em Moçambique”, disse.
Exemplificou a exiguidade de médicos especialistas em genética médica, afirmando que em todo o território só existem dois, actualmente afectos no Hospital Central de Maputo (HCM).
Apontou também especialistas em cirurgia cardíaca, que o país possui apenas três médicos e todos estão na cidade de Maputo, bem como seis neurocirurgiões, dos quais cinco na cidade de Maputo e apenas um no hospital central de Nampula, no norte.
“Onde vamos arranjar médicos para ir por lá em Xai-Xai (província meridional de Gaza) Chimoio (central de Manica) […] há uma doença que durante a COVID-19 se notabilizou muito. Precisamos de otorrinolaringologistas”, disse.
Sobre os otorrinolaringologistas, o país, segundo Nyusi, tem apenas nove especialistas, dos quais cinco se encontram na cidade de Maputo.
Sublinhou que, anualmente, em todos os países do mundo inteiro contratam-se médicos para tapar as lacunas em diversas especialidades.
Disse que o governo vai continuar a robustecer o sistema nacional de saúde enquanto os institutos de formação aumentam o fluxo de especialização.
Entretanto, o Chefe de Estado apelou, na ocasião, aos médicos grevistas para voltarem aos postos de trabalho, e explorarem a capacidade de compreensão de fenómenos para dar continuidade ao diálogo com o governo e diferentes sensibilidades.
“A população está a vossa espera, precisa de vós. As explicações que demos são aquelas e nós estamos abertos para tudo”, vincou.
Refira-se que a Associação Médica de Moçambique (AMM) convocou uma greve nacional com efeito a partir de 05 de Dezembro corrente, por um período de 21 dias prorrogáveis e que tem como objectivo reivindicar a aplicação da Tabela Salarial Única (TSU), restauração de subsídios, entre outras.
(AIM)
Ac/mz