Maputo, 27 Fev (AIM) – As autoridades sanitárias projectam vacinar pelo menos 719.241 cidadãos contra a cólera, com idade igual ou superior a um ano, em oito distritos das províncias mais afectadas do país, nomeadamente Niassa, Sofala e Tete.
A campanha lançada esta segunda-feira (27) tem uma duração de cinco dias.
Para o efeito, a Organização Mundial de Saúde (OMS) desembolsou 856 mil dólares para apoiar a resposta contra a cólera em Moçambique, bem como material médico e medicamentos.
Desde meados de Dezembro último que Moçambique regista um aumento significativo de casos da cólera.
Durante a campanha, os vacinadores vão usar uma abordagem mista de vacinação de doentes em centros de Saúde, através de brigadas móveis e de visitas porta-a-porta.
A vacina oral contra a cólera será usada em conjunto com outras medidas complementares, tais como melhoria na segurança da água a ser consumida e saneamento do meio para controlar os surtos de cólera e prevenção nas áreas de alto risco.
Desde a sua eclosão em Setembro de 2022, o surto já fez 37 óbitos e infectou pelo menos 5.260 pessoas em Moçambique.
Em paralelo, as autoridades sanitárias também estão a reforçar a vigilância da doença, bem como as medidas de prevenção e controlo, tratamento, sensibilização do público sobre as medidas para conter a propagação da doença e pôr termo ao surto.
“A campanha de vacinação será crucial para conter a propagação da cólera e ajudar a salvar vidas”, diz o representante da OMS em Moçambique, Severin von Xylander, em comunicado enviado hoje à AIM.
“Estamos também a trabalhar com as autoridades sanitárias para reforçar as principais medidas de resposta aos surtos e mobilizamos pessoal técnico nas três províncias mais afectadas para apoiar as autoridades sanitárias provinciais nas acções de controlo, prevenção e contenção deste surto de cólera”, acrescentou.
Num outro desenvolvimento, o director-executivo do programa Aliança Global para as Vacinas e Imunização (GAVI) Thabani Maphosa, afirma que o recente aumento de surtos e os riscos que apresentam demonstram a importância do trabalho da GAVI no financiamento da reserva global de vacinas contra a cólera oral.
Apesar da escassez mundial de vacinas contra a cólera e do aumento da procura devido a um aumento dos surtos a nível mundial, a OMS e os seus parceiros, incluindo o GAVI e o Centro Africano de Controlo de Doenças, têm conseguido fornecer vacinas aos países mais afectados pela cólera na África Austral.
A estirpe sobre a disponibilidade de vacinas levou o Grupo de Coordenação Internacional (ICG, sigla em inglês) sobre a provisão de vacinas a suspender temporariamente o regime de vacinação padrão de duas doses em campanhas de resposta ao surto de cólera, utilizando em vez disso uma abordagem de dose única.
A cólera é uma infecção aguda extremamente virulenta que pode propagar-se rapidamente e causar desidratação, resultando em elevada morbilidade e mortalidade. No entanto, a doença é facilmente curável.
A maioria das pessoas pode ser tratada com sucesso através da administração imediata de solução de rehidratação oral ou de fluidos intravenosos.
A doença é recorrente em Moçambique. Há surtos anuais nas províncias do norte do país. A transmissão da cólera está estreitamente ligada à insuficiência em termos de saneamento e ao acesso inadequado a água potável segura. Eventos climáticos extremos, tais como secas e inundações, estão a agravar os riscos de cólera.
(AIM)
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