
Casas inundadas por causa das chuvas. Foto arquivo.
Maputo, 01 Mar (AIM) – Um número considerável de famílias que perderam suas casas e todos os seus haveres por conta das chuvas intensas que se fazem sentir em todo o país, apelam à intervenção urgente das autoridades no sentido de instalar um centro de acolhimento, onde poderão ter abrigo.
As famílias referidas são residentes no Bairro de Hulene, arredores da cidade de Maputo. Como resultado da contínua queda da chuva, algumas residências ficaram submersas e outras desabaram.
Face a impossibilidade de viver no meio de águas turvas e cheias de detritos, muitas famílias foram obrigadas a abandonar as suas residências, mesmo sem nenhum refúgio.
“Estamos a pedir o apoio das autoridades. O bairro de Hulene é sempre esquecido. Desta vez, estamos a pedir que olhem para nós. Não temos nada, precisamos de ajuda, perdemos tudo. Pelo menos que nos dêem terrenos”, disse uma senhora que se identificou pelo nome de Celeste.
Não têm o que comer, as reservas de comida foram levadas pelas águas e das suas roupas restam as vestes que trazem consigo no corpo. Por isso, no seu rosto são bem visíveis as marcas de dor e expressões faciais de muito sofrimento.
“Tentei resistir, tentei fazer uma barreira para impedir a água de invadir a minha casa. Mas todo o esforço foi em vão porque a chuva, com a sua intensidade, derrubou tudo e inundou toda casa”, disse Eugénio Bila, acrescentando que “as autoridades devem atribuir terrenos às vítimas porque não têm para onde ir.”
Salvador Magaia, vítima que assistiu ao desabamento de uma parede da sua casa, disse “neste momento, o governo deve arranjar uma solução para ajudar as pessoas. Até mesmo um centro de acolhimento é urgente porque não temos para onde ir. O melhor seria nos oferecerem terrenos para construirmos.”
No centro da cidade, observa-se igualmente o alagamento de avenidas e ruas. Ao longo da Avenida Vladimir Lenine (na esquina entre Mercado Compone e Praça dos Combatentes), por exemplo, as viaturas circulam com muita dificuldade. O atalho dos peões foi também está alagado.
As chuvas, que caíram nas últimas três noites, vieram exacerbar as inundações, elevando o nível das águas em ruas e becos. As águas que inundam os quintais, entretanto, estão misturadas com as provenientes de tubos danificados. Ou seja, uma vez cortados os tubos condutores de água às torneiras, as enchentes tendem a ser mais severas.
“Os tubos da FIPAG cortados agravam a situação. Misturam-se com a água das chuvas e as coisas ficam mais terríveis. Perdemos tudo, totalmente tudo. Mas ainda não tivemos ajuda das autoridades. Estamos entregues à nossa sorte”, disse Elísio, uma outra vítima.
Algumas pessoas, no entanto, hesitam em abandonar a zona por temer que alguns malfeitores possam a vandalizar as suas casas e retirar materiais como: portas, janelas, chapas de zinco, barrotes, contadores de electricidade e torneiras.
“Antes de retirar todos os materiais, não saio daqui. Há muitos ladrões que se aproveitam da oportunidade para nos tirarem o pouco que ainda podemos reaproveitar”, disse Osvaldo Matos.
Ainda não há dados oficiais sobre o número de afectados neste bairro, mas a reportagem da AIM apurou que são mais de 100 famílias, compostas por mulheres, crianças e idosos.
As chuvas caem continuamente depois de, na sexta-feira última, a Tempestade Tropical “Freddy” ter devastado as regiões centro e sul de Moçambique, onde afectou mais de 57 mil pessoas, de acordo com Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE).
Enquanto isso, as autoridades advertem que cerca de 8,400 habitantes de Marracuene, que vivem a base da agricultura e pastorícia, poderão passar fome devido as inundações causadas pelo rio Incomáti.
(AIM)
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