
Maputo, 06 de Mar (AIM) – O Instituto Nacional do Mar (INAMAR), autoridade com mandato de garantir a segurança no mar, aponta a configuração marítima geográfica de Moçambique, que propicia a ancoragem de barcos em vários lugares, como fenómeno que cria condições para a ocorrência de crimes clássicos, com destaque para o tráfico de drogas.
Contribui igualmente, a fraca capacidade de fiscalização e controlo de cerca de 100 ilhas moçambicanas mapeadas pelo INAMAR, entre as habitadas e não habitadas, para além dos 572 mil quilómetros quadrados do mar e 13 mil quilómetros quadrados das águas interiores do país.
A informação foi avançada há dias, em Maputo, pelo Presidente do Conselho de Administração do INAMAR, Isaías Mondlane, em entrevista à AIM, sobre o estágio da instituição que vela pela segurança marítima em Moçambique.
“O nosso espaço marítimo é muito amplo e a nossa costa é extensa. E a configuração geográfica do país permite a atracagem de barcos em muitos pontos, diferentemente de outros países que tem uma configuração rochosa com poucos pontos de ancoragem”, disse o PCA do INAMAR.
Como forma de fazer face aos crimes em alusão, nomeadamente o tráfico de drogas, pesca ilegal, tráfico de seres humanos, armas, entre outros, as autoridades marítimas irão abrir 16 postos fixos de fiscalização, incluindo nas ilhas, para controlar as chegadas e partidas de embarcações, sobretudo de pequeno porte que escapam a monitoria do Centro Integrado de Controlo e Fiscalização Marítima (CEFMAR).
Ainda para assegurar a fiscalização, o INAMAR necessita de pelo menos 30 embarcações, das quais duas de grande porte, com 55 metros de comprimento, equipados de barcos de pequeno porte para intervenção rápida e um helicóptero para operarem na zona económica exclusiva, para além de drones e outros equipamentos de comunicação.
Referiu que, o país tem registado uma intensa actividade marítima diária, chegando a escalar às águas moçambicanas cerca de 200 embarcações por dia, sendo que, na maioria dos casos, as autoridades não têm o controlo absoluto da mesma actividade e muito menos o conhecimento sobre a carga a bordo.
A abordagem do INAMAR sobre a vulnerabilidade da costa moçambicana, confirma os dados de um estudo do projeto Enact, financiado pela União Europeia em 2018, que se refere ao tráfico de heroína do Afeganistão para Europa, através da África austral e oriental, apontando Moçambique como um dos principais corredores.
O documento relata várias apreensões de heroína pela parceria naval de 32 países no oceano Índico, concluindo que, “a costa leste africana está a desempenhar um papel significativo no tráfico de heroína”.
A dificuldade em fazer passar a droga pela Ásia central e Europa de Leste tem feito crescer o tráfico pela chamada ‘rota austral’, entrando pela costa do Índico e seguindo depois por estrada para a África do Sul, a partir de onde é enviada para vários mercados, sobretudo para a Europa.
(AIM)
Paulino Checo (PC)/dt