Matola, 13 de Mar (AIM) – O Governo moçambicano reconheceu hoje o contributo do artista Edson da Luz, mais conhecido por “Azagaia”, na afirmação da identidade nacional, inspirando gerações na busca de respostas para desafios do país.
O reconhecimento foi expresso pela ministra da Cultura e Turismo, Eldevina Materula, durante o velório do finado que teve lugar nos Paços do Município, um evento que contou com a presença de milhares de pessoas, incluindo familiares, amigos e simpatizantes.
O Executivo considera que o artista, que morreu a 09 deste mês, aos 38 anos de idade, deixa um legado para a preservação das artes e cultura como factores de coesão social, valorizando a unidade nacional e a consolidação da paz, condição essencial para o desenvolvimento do país.
“Fez da música um instrumento de identidade e de afirmação da moçambicanidade e do hip pop, o seu estilo. Inspirou gerações na busca de respostas para desafios do País”, disse a ministra, intervindo no paços do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, espaço nobre que albergou familiares, amigos, colegas e público no geral para prestarem última homenagem ao artista.
A ministra salientou que o artista partiu, mas o seu legado ficou para a eternidade, como referência para as gerações vindouras, apelando a sociedade para a preservação da sua obra, promovendo cada vez mais as artes e cultura.
A urna contendo os restos mortais do Azagaia chegou cerca das 7h45 da manhã, no meio de cânticos religiosos entoados pelo grupo coral da Igreja Anglicana, cujo Bispo emérito, Dom Dinis Sengulane, liderou a cerimónia religiosa que conduziu Azagaia, ao seu eterno descanso.
No interior do paços do CM, o ambiente era de muita tristeza, com os participantes quase todos com lágrimas no canto do olho, gelo quebrado quando o protocolo decidiu abrir a urna ao público, acto que estava previsto para às 09h25 depois das intervenções da família, membros do Governo e outros intervenientes.
Na sua homilia, para confortar a família, amigos e simpatizantes, Dom Dinis Sengulane buscou palavras de Jesus Cristo, no livro de João 11:25 “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá”, disse o arcebispo, vincando o percurso do Azagaia que “não precisou mostrar beleza aos cegos, nem verdade aos surdos, mas sim atitude e coragem que geraram transformação social.”
“Foi para onde não há injustiça. Ele era um homem de coração elástico. Azagaia semeou mensagens de justiça e paz. Ele era propriedade de Deus, e neste momento Deus veio buscar o que é seu”, ouviu-se do bispo.
A sociedade civil e a classe política também se curvaram perante a grandeza do músico, que consideram de combatente da liberdade, justiça e igualdade.
“Ele escolheu exercer a cidadania, fiscalizando o poder político e ao mesmo tempo despertando a consciência dos jovens para a defesa dos interesses comuns. Nas suas músicas, Azagaia demonstrava uma ousadia pouco comum entre os jovens”, disse Adriano Nuvunga, representante de uma organização da sociedade civil moçambicana.
O momento mais comovente foi quando as duas filhas do Azagaia, Mutema e Wanile, deixaram a sua mensagem, a meio a vozes trémulas, sufocadas de dor e pouco audíveis, só foi possível captar “te amamos pai, descanse em paz. A dor é enorme e a saudade é eterna”.
Quem igualmente foi bastante aplaudido foi o irmão mais novo do Azagaia, parco em palavras, mas suficientes para afirmar que partiu o pregador da verdade, o homem das causas do povo.
O corpo do Azagaia foi conduzido no início da tarde para a viatura que seguiria para o funeral no cemitério de Michafutene, nos arredores da cidade de Maputo.
Azagaia morreu na sua residência na Matola, vítima de doença. Deixa viúva, duas filhas.
(AIM)
Paulino Checo (PC)/dt