
Maputo, 21 Mar (AIM) – Os indicadores técnicos e financeiros que avaliam o desempenho do sector empresarial em Moçambique apontam para uma estagnação no quarto trimestre de 2022, tendo o Índice de Robustez Empresarial se fixado em 29 por cento, o mesmo observado no terceiro trimestre do mesmo ano.
Segundo o presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma, diversos factores contribuíram para esta tendência, a destacar o impacto da deterioração, em três pontos percentuais, do índice do ambiente macroeconómico.
A fonte sublinhou que o ambiente macroeconómico registou uma queda de 50 para 47 por cento, entre o terceiro e o quarto trimestre, factores que se reflectiram no aumento de custos de produção e nos encargos empresariais com o sector financeiro.
“Em linhas gerais, ao nível de desempenho empresarial, registamos uma estagnação no IV trimestre, tendo o Índice de Robustez Empresarial se fixado em 29 porcento, o mesmo observado no III trimestre”, disse Vuma, na abertura da 11ª Edição do “Economic Briefing”, referente ao quarto trimestre de 2022, realizada esta terça-feira (21), na capital moçambicana, em Maputo.
Vuma apontou ainda as calamidades naturais que mais uma vez fustigaram o país, provocando um impacto negativo na oferta de produtos alimentares, influenciando níveis inflacionários que registam uma tendência acima de dois dígitos.
Em relação a tendência do índice de emprego, a fonte explicou que continuou-se a denotar fragilidades do mercado de trabalho, situando-se em 108,55 por cento, com maior preferência para empregos temporários e em tempo parcial.
Para reverter este cenário, Vuma defendeu a necessidade de haver uma parceria entre a Organização das Nações Unidas (ONU) e o sector privado, por forma a garantir o amento do emprego em todos sectores de actividades.
“A nossa visão, como CTA, é de que há urgência de as diversas agências das Nações Unidas estabelecerem parcerias com o nosso sector privado para o desenvolvimento de um projecto acelerado e estruturante com vista a criação de mais postos de trabalho e empoderar incubadoras de emprego e iniciativas empreendedoras”, referiu.
A pretensão do Vuma surgiu após a divulgação dos resultados do último relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) sobre as causas de conflitos e do terrorismo em África que, para o caso de Moçambique, refere que um dos motivadores da adesão de jovens às forças terroristas é o elevado índice de desemprego.
No encontro, Vuma enalteceu os resultados alcançados no mercado imobiliário que registou sinais de crescimento e recuperação do acentuado declínio registado a partir de 2016, por conta do início da recessão económica que colocou os preços numa queda média de 40 por cento.
“’Esta tendência leva-nos a acreditar que, este ano, vamos registar um maior dinamismo, impulsionado pela retoma do projecto do gás liquefeito da Bacia do Rovuma que vai, de certa forma, aumentar a procura dos serviços do sector”, anotou.
A CTA tem perspectivas optimistas para 2023, baseados em previsões de um melhoramento do ambiente macroeconómico, induzido pela aceleração da actividade empresarial no sector de hotelaria e restauração, indústria cultural e recreativa, e o prosseguimento da estabilidade cambial, facto que poderá amortecer a subida dos preços das importações.
Participaram no evento, o representante especial das Nações Unidas, Mirko Manzoni; representante residente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), César Augusto Mba Abogo; entre outros convidados.
(AIM)
Leonel Ngwetsa (LW)/mz
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