Matibane, (Moçambique), 30 Mar (AIM) – A empresa Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) teve prejuízos de 25.5 milhões de dólares norte-americanos, provocados pelo ciclone “Freddy”.
Os dados foram partilhados nesta quinta-feira pelo presidente do Conselho de Administração dos CFM, Agostinho Langa, na abertura do XXVI Conselho de Directores da gigante de logística e manuseamento ferro-portuário de Moçambique, que decorre em Matibane, distrito de Mossuril, província nortenha de Nampula.
Langa especificou que estes são dados preliminares, já que prossegue o trabalho de avaliação dos estragos causados pela intempérie.
“Os dados preliminares indicam que, com a paralisação das linhas, a empresa teve um prejuízo acumulado, só em infra-estruturas e equipamentos, no sistema centro, de 2.4 milhões de dólares norte-americanos e, no sistema sul, de 6.1 milhões”, informou.
Adiantou que, “em termos de prejuízos, por não termos transportado as cargas, temos, a nível global, ferrovia e portos, um total de 17 milhões de dólares norte-americanos”.
Segundo Langa, estes custos, obviamente, não estavam previstos nos planos da empresa.
“Teremos que empreender um esforço financeiro adicional, para tal, o capital humano joga um papel preponderante, não só na reposição desses estragos, como na garantia das manutenções regulares necessárias, facto que almejamos, deverá reduzir para zero o nível de acidentes e descarrilamentos, conquistando, desse modo, a confiança dos clientes”, salientou.
Sobre a eficiência operacional, o PCA dos CFM revelou que, em 2022, o grau de realização foi de 70 por cento do planificado, num ano caracterizado por duas facetas, uma de recuperação da vida socioeconómica e regresso ao ambiente de normalidade após a pandemia da Covid-19 e, outra, negativa de instabilidade, em todos os níveis, provocada pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
“O desempenho económico-financeiro de 2022 foi positivo. Os resultados, antes dos impostos, foram de cerca de 6.2 mil milhões de meticais, (o equivalente a 979 milhões de dólares), contra 9.6 mil milhões de meticais, orçados, o que representa uma realização de 64 por cento e um crescimento de 29 por cento, comparativamente ao ano de 2021”.
Langa informou que o resultado operacional na área de exploração foi de 3.8 mil milhões de meticais, o equivalente a 59.6 milhões de dólares.
Na área portuária, no mesmo período, em termos globais, a produção, em toneladas métricas cresceu em 17 por cento e na ferroviária, em toneladas líquidas transportadas, o crescimento foi de 30 por cento.
“Nos terminais sob gestão dos CFM, foram manuseados, em 2022, cerca de 13,2 milhões de toneladas métricas, representando 23 por cento do total manuseado em todos os portos do país, o equivalente a um crescimento de seis por cento relativamente a igual período de 2021”, destacou.
Segundo a fonte, os CFM continuam a subsidiar o custo do bilhete do passageiro em 85 por cento.
“Foram adquiridas e inauguradas, em Agosto do ano passado, 90 veículos de passageiros, incluindo cinco automotoras para os sistemas sul e centro. A nossa perspectiva é de continuar a olhar para esta área com especial atenção, contribuindo para a mitigação do problema da falta de transporte urbano e interurbano”, disse.
Sobre o futuro imediato, Langa fez alusão aos projectos em curso nos CFM, como a conclusão da duplicação da linha de Ressano Garcia, conclusão do projecto de reabilitação da linha de Machipanda, conclusão da reconstrução do ramal Mutarara-Vila Nova da Fronteira e reabilitação e expansão do porto de Nacala.
O vice-ministro dos Transportes e Comunicações, Amilton Alissone, e o Secretário de Estado para Nampula, Jaime Neto, marcaram presença na abertura da reunião, de três dias, da família ferroviária de Moçambique.
ASSEGURADO MECANISMO PARA ACÇÃO COORDENADA NAS FRONTEIRAS DA SADC
Maputo, 29 Mar (AIM) – Os países da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) passam, a partir de hoje (30), a cooperar na racionalização dos recursos e controlo fronteiriço, o que vai permitir maior celeridade no desalfandegamento e desembaraço de mercadorias.
Segundo o gestor sénior de Programas Aduaneiros na SADC, Alcides Monteiro, esta acção enquadra-se na estratégia de consolidação das agências fronteiriças a nível da região.
Monteiro, que falava hoje, em conferência de imprensa, em Maputo, durante a entrega formal da Estratégia Nacional de Gestão Coordenada de Fronteiras (CBM – sigla em Inglês), assegurou que o mecanismo visa reforçar a coordenação e cooperação entre a Autoridade Tributária de Moçambique (AT); Serviço Nacional de Migração (SENAMI); Alfândegas de Moçambique e os Estados membros da SADC.
“Este instrumento visa a coordenação de todas as agências fronteiriças para que se organizem, cooperem e racionalizem os recursos no âmbito de desalfandegamento e desembaraço das mercadorias, o que vai permitir que haja celeridade neste todo processo”, explicou Monteiro.
Acrescentou que “haverá um corpo que gere a gestão das fronteiras de modo que as informações e operações sejam conjuntas”.
Segundo a fonte, a estratégia em referência é resultado de um guião que foi aprovado pelos ministros do Comércio da SADC, em 2012, cabendo a cada país desenvolver a sua estratégia de gestão coordenada, em alinhamento com o guião da SADC.
Por seu turno, o director-geral adjunto das Alfândegas de Moçambique, Fernando Alage, garantiu que o país mostra-se preparado para receber a estratégia.
Segundo ele, a estratégia vai ajudar na captação de receitas para o Estado e no controlo de entrada de equipamentos proibidos, tais como armas, drogas, entre outros.
“Com uma maior partilha de informação em tem tempo real, será possível, por exemplo, prevenir situações anómalas, evitar a entrada de mercadorias proibidas, subfacturadas, em decorrência de não termos informação fiável em tempo real. Além disso, a medida vai concorrer, obviamente, para a colecta de receitas para o Estado”, anotou.
“Assistimos, por exemplo, o fenómeno de terrorismo no país, que dura há mais de cinco anos. Julgamos que com esta cooperação cada vez mais sólida, teremos esses eventos todos acautelados”, acrescentou.
Actualmente, o tempo médio de desalfandegamento das mercadorias comerciais é de duas semanas, com a implementação desta estratégia espera-se que esse tempo seja reduzido para metade.
(AIM)