Domingos Mossela, da AIM, em Lisboa
Lisboa, 02 Abr (AIM)- André Ventura, líder do partido Chega, com 12 deputados na Assembleia da República (AR), o Parlamento português, está a provar que ‘é, verdadeiramente, um racista e xenófobo’, que tenta chegar ao poder em Portugal, país que colonizou Moçambique e Angola.
Em África, Portugal colonizou igualmente Cabo Verde, Guiné-Bissau e S. Tomé e Príncipe. No actual Parlamento português, o Chega é o terceiro depois do Partido (PS), com maioria absoluta, e o Partido Social-Democrata (PSD), o principal da oposição.
Na semana ora finda, André Ventura disse de viva voz e sem pestanejar algo que está a indignar meio mundo (políticos, empresários, jornalista e homens das artes), em reacções nas redes sociais e noutros meios de comunicação social.
Segundo Ventura, em Portugal, ‘Não somos o aterro da Europa, estamos fartos da escumalha africana e árabe. Regressem à selva que é o vosso lugar’.
Os pronunciamentos de Ventura aconteceram após o ataque com arma branca, no Centro Ismaili de Lisboa, que ocorreu na terça-feira, dia 28 de março. e que provocou um ferido grave e duas mortes.
O ataque foi levado a cabo por um homem de nacionalidade afegã ‘armado com uma faca de grandes dimensões’, segundo a Polícia de Segurança Pública (PSP).
O atacante acabou por ser neutralizado com um tiro da PSP depois de alegadamente ter desobedecido às ordens das autoridades para que cessasse o ataque e de ter ‘avançando na direcção dos polícias, com a faca na mão’. A policia chegou ao local um minuto depois de ter sido alertada.
Segundo a PSP, o atacante foi socorrido no local, tendo sido encaminhado para uma unidade hospitalar. Está detido e sob custódia policial.
Este fim de semana, a Polícia Judiciária (PJ), na voz do seu director nacional, Luís Neves, é citada pela CNN Portugal a dizer que não afasta a hipótese de que o ataque no Centro Ismaelita tenha tido motivações de ‘crime passional ou terrorista’, depois de ter afastado indícios de terrorismo e apontado para ‘surto psicótico’, isto na quarta-feira, dia 29 de março.
REACÇÕES AOS PRONUNCIAMENTOS DE ANDRÉ VENTURA NAS REDES SOCIAIS
‘Pequeno Hiitler Tuga’! ‘Mas ele chegou até esse ponto? Hitler Tuga’, assim reagiram alguns internautas.
Em 2022, a AIM conheceu, em Maputo, alguns moçambicanos admiradores do Chega e do seu líder. Consideram André Ventura ‘um grande político’. Confessaram que assistem nas Televisões as intervenções de Ventura no Parlamento português.
REACÇÕES DO PR PORTUGUÊS
No dia em que ocorreu o ataque, o Presidente da República (PR), Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que ‘é injusto generalizar’. Ataque no Centro Ismaili foi ‘claramente um acto isolado’, depois de ter visitado o Centro.
A comunidade ismaelita é ‘muito pacífica’ e é preciso evitar generalizações, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa.
O ataque no Centro Ismaili de Lisboa foi ‘claramente um ato isolado’ com ‘motivações pessoais’, reafirmo o chefe de Estado.
‘Estando a decorrer ainda as investigações é prematuro tirar conclusões, mas é claro que é um acto isolado, daquilo que se apurou até agora, e com motivações psicologicamente isoladas de uma determinada pessoa, num determinado quadro pessoal e familiar’, declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente sublinha que ‘as investigações estão em curso e é cedo para avançar com posições definitivas’ e que ‘não há nada que justifique um acto criminoso como este’.
‘Por aquilo que é contado com um grau de pormenor grande por quem acompanhou de perto o que se passou, com uma pessoa que era conhecida e apoiada, com crianças, nesse sentido eu não queria ir mais longe em termos fáticos mas há pessoas que em determinados momentos da vida, num determinado contexto, são determinadas por motivos pessoais ou familiares e reagem de uma determinada maneira’, sublinha o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas.
CHEGA PREPARA REUNIÃO COM VÁRIOS LÍDERES DA EXTREMA-DIREITA EM LISBOA
O Chega está a organizar um evento para reunir vários líderes da extrema-direita, em Lisboa, segundo o ‘Correio da Manhã’.
De acordo com o diário, o partido foi contactado, em março, pelo gabinete de assessoria de Jair Bolsonaro, que sugeriu um encontro entre o ex-Presidente do Brasil, que regressou ao país depois de ter estado nos Estados Unidos da América, e André Ventura – convite que o líder do Chega aceitou, mas decidiu alargar a líderes da extrema-direita europeus.
Da lista constam Marine Le Pen (União Nacional), de França; Santiago Abascal (VOX), de Espanha; e Geert Wilders (Partido para a Liberdade), dos Países Baixos. Foram também convidados os italianos Giorgia Meloni (Irmãos de Itália) e Matteo Salvini (Liga), primeira-ministra e vice-primeiro-ministro, respectivamente, mas, por incompatibilidade de agenda, não deverão comparecer.
O recinto para a reunião dos líderes da extrema-direita ainda não é conhecido, segundo o ‘Correio da Manhã’, mas o evento deverá decorrer num espaço com capacidade para vários milhares de pessoas, como o Campo Pequeno ou a Altice Arena. Irá acontecer na primeira metade de Maio.
(AIM)