Maputo, 04 Abr (AIM) – Moçambique poderá colher a larga experiência da Zâmbia no sector da mineração, acumulada ao longo de vários anos por aquele país vizinho, na exploração de recursos naturais.
O facto foi avançado em conferência de imprensa hoje, em Maputo, minutos após o término de um encontro tête-à-tête mantido entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o seu homólogo zambiano, Hakainde Hichilema, que esta terça-feira (04) iniciou uma visita de Estado de três dias à Moçambique.
“A Zâmbia tem muita experiência [na mineração]; é rica em minas que explora de uma maneira estruturada, onde aproveitam o máximo que eles têm em terra. Nós ainda não chegamos a esse nível. Portanto, é importante nós capitalizarmos o modelo”, disse.
Aliás, a economia zambiana possui uma forte componente da mineração que, actualmente, se situa entre as 20 maiores do continente africano, e entre as 100 do mundo.
Durante o encontro, Nyusi anunciou que os ministérios que superintendem a área dos Transportes e Comunicações de ambos países já estão a preparar mecanismos para ligar as capitais de ambos os países, nomeadamente Maputo e Lusaka.
Os voos, acrescentou, poderão iniciar brevemente, porque o processo está numa fase mais avançada.
Segundo Nyusi, existe uma proposta para a construção de oleodutos para ligar os dois países. Moçambique faz fronteira com a Zâmbia através da província central de Tete.
“Há ideias de construirmos juntos oleodutos para óleos, combustíveis, ou para o gás [gasodutos]”, afirmou.
A visita de Hichilema também visa estimular a cooperação económica, por isso, Nyusi anunciou a realização do Fórum de Negócios Moçambique-Zâmbia, a ter lugar quinta-feira (05) na Beira, capital da província central de Sofala.
Acompanhado por Nyusi, Hichilema, que também é empresário, vai efectuar uma visita ao Porto da Beira, que compreende 12 cais, que o torna num dos mais modernos de África.
Entre as actividades de vulto realizadas recentemente destaca-se a dragagem do canal de acesso ao porto, reabilitação dos terminais de contentores e petróleos, bem como a ligação ferroviária Beira-Machipanda.
“Juntos podemos mobilizar investimentos para os projectos regionais que são comuns […] portanto, como estão a ver os sucessos são tangíveis, quantificáveis e é uma visita totalmente orientada para resultados, e não simplesmente uma visita orientada para amigos, café, mas é para resolver problemas dos nossos povos”, disse.
Por seu turno, o Presidente zambiano destacou a pertinência de o empresariado de ambos os países intensificar as iniciativas com um elevado potencial para trazer mais-valia nos respectivos países, região e continente.
Hichilema apontou a exploração dos aeroportos internacionais de Lusaka e Maputo como uma das formas mais rápidas para catapultar o negócio.
“Quando os zambianos vêm à Maputo, e quando os moçambicanos vão à Lusaka estarão a abrir mais oportunidades para os nossos países e povos continuarem a crescer”, vincou.
Sobre o sector agrário, que a Zâmbia também possui um elevado potencial, Hichilema disse que um acordo de cooperação poderá abrir mais oportunidades para a troca de experiências entre os agricultores de ambos países.
“Na agricultura, por exemplo, podemos trocar experiências na troca de tecnologias agrárias que a Zâmbia aplica há décadas para desenvolver a terra e prover alimentos”, afirmou.
A visita do estadista zambiano surge em resposta a um convite formulado pelo Chefe do Estado moçambicano e visa aprofundar e consolidar as relações históricas de amizade, boa vizinhança, solidariedade e cooperação bilateral.
Durante a visita, ambos governantes deverão passar em revista a situação dos dois países, África Austral, continente africano e resto do mundo.
Esta é a primeira vez que Hichilema visita Moçambique, desde a sua eleição em Agosto de 2021.
(AIM)
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