Maputo, 04 Abr (AIM) – O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, considera que o número crescente de manifestações populares, a maioria das quais desencadeadas pelo elevado custo de vida nos países da África Austral, continente, bem como no mundo inteiro, revela o crescimento do conceito da democracia.
Nyusi manifestou a convicção em conferência de imprensa conjunta havida hoje, em Maputo, minutos após o término de um encontro tête-à-tête mantido com o seu homólogo zambiano, Hakainde Hichilema, que esta terça-feira (04) iniciou uma visita de Estado de três dias à Moçambique.
Segundo Nyusi, a palavra democracia desenvolveu e, actualmente, está a atingir um estágio de maturidade.
“O problema é o crescimento da democracia […]. No passado, as pessoas não falavam como agora […] a palavra democracia não existia, ou se existisse era democracia interna, onde as pessoas falavam num certo contexto, mas agora já não”, disse Nyusi.
“As pessoas podem falar como quiserem, livremente, e nós acreditamos que nos nossos países [Moçambique e Zâmbia] exercem melhor a liberdade de [imprensa e de] expressão, ou a democracia do que aqueles que não utilizamos como padrão”, acrescentou.
Referiu que as manifestações dos populares ocorrem porque os governos permitem a sua realização.
Acrescentou que a gestão das manifestações difere de cada país, devido ao advento das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) que são utilizadas para uma comunicação mais eficaz e abrangente.
Sublinhou que a paz e estabilidade não se impõem à força, e que a política deve ser efectivada nos órgãos políticos legalmente estabelecidos em cada país.
“No parlamento, nos fóruns próprios onde se discute”, disse, acrescentando que “já não está na moda fazer política com pancadaria, já não está na moda fazer política com guerra, é preciso as pessoas falarem, apostarem no diálogo”.
Nyusi disse que organizações por detrás dos movimentos populares devem ter um objectivo a apresentar durante as manifestações, bem como as autoridades policiais devem ter limites na sua actuação.
Recentemente, as autoridades policiais moçambicanas repreenderam manifestantes, que desencadearam críticas de organizações nacionais e estrangeiras, incluindo a Amnistia Internacional (AI).
Os manifestantes queriam marchar em homenagem ao rapper moçambicano Azagaia [Edson da Luz].
A violência policial levou o Presidente da República a instruir o Ministério do Interior para averiguar as razões que levaram a Polícia da República de Moçambique (PRM) a embarcar pela violência contra os participantes.
Na altura, os participantes, sobretudo na capital do país, Maputo, foram impedidos de marchar pela violência policial que os dispersou usando gás lacrimogéneo e balas de borracha, ferindo mais de 14 cidadãos.
(AIM)
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