Maputo, 07 Abr (AIM) – As autoridades de saúde da província de Nampula, no norte de Moçambique, declararam esta quinta-feira (06.04) um surto de cólera no distrito de Nacala Porto, com um óbito registado.
“Neste momento o distrito de Nacala Porto está com um surto de cólera. Temos 32 pacientes internados” no Hospital Geral de Nacala Porto, disse à comunicação social Celma Xavier, médica chefe provincial, em Nampula.
A província de Nampula registou um óbito por cólera e tem um total de 157 casos que veêm sendo registados há duas semanas, avançou Celma Xavier, referindo que o Hospital Geral de Nacala Porto recebe, em média, 15 doentes por dia.
Segundo a responsável, foram “activadas equipas de resposta rápida e montadas tendas no hospital” para fazer face à doença.
Além de Nacala Porto, as autoridades estão em alerta nos distritos de Malema, Murrupula, Moma e Liúpo devido ao “aumento de casos de diarreias” registado naqueles distritos, referiu a médica chefe.
Pelo menos 1,2 milhão de pessoas de pessoas foram vacinadas contra a doença nas províncias da Zambézia, Manica e Sofala, no centro do país, o que corresponde a 100 por cento da meta prevista, indica o Ministério da Saúde (Misau).
Um total de 111 pessoas morreram e outras 16.374 foram internadas devido à cólera desde Setembro de 2022 em Moçambique, segundo os mais recentes dados do MISAU.
Moçambique registou, desde Setembro, um cumulativo de 24.516 casos da doença, 441 dos quais registados nas últimas 24 horas, refere a actualização da Direção Nacional de Saúde Pública.
aAs províncias de Niassa, Tete, Sofala e Zambézia estão entre as mais afectadas pela doença, cuja taxa de letalidade está nos 0.4 por cento, segundo os dados da Saúde.
Os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC) da União Africana (UA) apelaram esta quinta-feira (06.04) ao ‘apoio’ da comunidade internacional para combater os surtos de cólera em Moçambique e no Malaui, recentemente agravados pelos impactos do ciclone tropical Freddy.
‘As infra-estruturas sanitárias e sociais de Moçambique e do Malauí foram danificadas. Apelamos a todos aqueles que têm a capacidade de ajudar a cooperar com estes países para restabelecer a normalidade’, disse o director em exercício do Africa CDC, Ahmed Ogwell, numa conferência de imprensa online.
‘As respostas [nestas duas nações africanas] exigem uma abordagem humanitária’, acrescentou Ogwell, que salientou a necessidade de assegurar o fornecimento de água potável, a eliminação adequada de resíduos humanos e comunicações inter-regionais, entre outras medidas urgentes.
A cólera é uma doença que provoca fortes diarreias, que é tratável, mas que pode provocar a morte por desidratação se não for prontamente combatida – sendo causada, em grande parte, pela ingestão de alimentos e água contaminados por falta de redes de saneamento.
Moçambique, considerado um dos países mais severamente afectados pelas alterações climáticas no mundo, está em plena época chuvosa e ciclónica, que ocorre entre os meses de Outubro e Abril, com ventos oriundos do Índico e cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral.
(AIM)
FF