Maputo, 07 Abr (AIM) – Os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) da União Africana (UA) apelaram esta quinta-feira (06.04) ao apoio da comunidade internacional para combater os surtos de cólera em Moçambique e no Malawi, recentemente agravados pelos impactos do ciclone tropical Freddy.
‘As infra-estruturas sanitárias e sociais de Moçambique e do Malawi foram danificadas. Apelamos a todos aqueles que têm a capacidade de ajudar a cooperar com estes países para restabelecer a normalidade’, disse o diretor em exercício do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças para África, Ahmed Ogwell, numa conferência de imprensa online.
‘As respostas [nestas duas nações africanas] exigem uma abordagem humanitária’, acrescentou Ogwell, que salientou a necessidade de assegurar o fornecimento de água potável, a eliminação adequada de resíduos humanos e comunicações inter-regionais, entre outras medidas urgentes.
Embora o médico queniano tenha observado uma diminuição de 60 por cento nos novos casos de cólera detectados em todo o continente esta semana, em comparação com a última, lamentou que a taxa de mortalidade por esta doença continue a ser demasiado elevada.
‘Estamos a trabalhar para manter a taxa de mortalidade abaixo de 1 por cento, o que é recomendado pelos padrões internacionais, mas estamos actualmente a registar uma taxa de 2 por cento’, disse.
As autoridades moçambicanas comunicaram pelo menos 111 mortes por cólera e cerca de 23.000 infecções desde Setembro passado, enquanto 1.727 pessoas morreram da doença desde Março de 2022 no Malawi, onde 59.968 casos foram detectados até à data.
Ogwell advertiu que a doença, que está presente em 10 países africanos, poderia continuar a alastrar a novas nações.
O ciclone Freddy, um dos mais longos da história, atingiu Moçambique duas vezes, entre Fevereiro e Março, provocando inundações, destruindo casas e fazendo mais de 676 mortos no Malawi, segundo o Departamento de Gestão de Desastres. Em Moçambique, mais de 161 pessoas morreram.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) observou que os surtos de cólera se multiplicaram devido à crescente ocorrência de fenómenos meteorológicos extremos, tais como inundações e secas, bem como guerras e deslocações forçadas de populações, o que limita o acesso à água potável.
Trata-se de uma doença diarreica aguda causada pela ingestão de alimentos ou água contaminada com o bacilo vibrio cholerae. A OMS continua a descrevê-la como ‘uma ameaça global à saúde pública e um indicador de iniquidade e falta de desenvolvimento’.
(AIM)
FF