Lisboa, 07 Abr (AIM)- Documentos classificados que detalham os planos secretos dos Estados Unidos da América (EUA) e da NATO na guerra da Ucrânia foram expostos no Twitter e no Telegram, confirmaram autoridades norte-americanas ao ‘The New York Times’.
A publicação destes documentos já levou ao início de uma investigação do Pentágono no sentido de descobrir quem poderá ter estado por detrás da fuga de informação., acrescenta o jornal, citado pela CNN Portugal.
Analistas militares que falaram ao ‘New York Times’ afirmaram que os documentos parecem ter sido modificados em certas partes, exagerando as estimativas norte-americanas de mortes na guerra ucraniana e subestimando as estimativas de tropas russas mortas.
As modificações podem indicar um esforço de desinformação por parte de Moscovo, disseram os analistas. Mas as divulgações dos documentos originais, que aparecem como fotografias de gráficos de entregas de armas previstas, número de tropas e de batalhões, e planos, representam uma ‘violação significativa’.
O governo de Joe Biden já estará a trabalhar para excluir estes documentos, mas o objectivo ainda não tinha sido cumprido esta quinta-feira à noite. ‘Estamos cientes dos relatos de publicações nas redes sociais e o departamento está a avaliar’, disse Sabrina Singh, secretária de imprensa adjunta do Pentágono.
Um dos documentos revelados esta quinta-feira afirma que entre 16.000 e 17.500 soldados russos haviam sido mortos enquanto a Ucrânia sofreu até 71.500 mortes. O Pentágono e outros analistas estimam que a Rússia sofreu muito mais baixas, e que cerca de 200.000 soldados de cada lado foram mortos ou feridos.
No entanto, os analistas afirmaram ao Times que partes dos documentos parecem autênticas e fornecem à Rússia informações valiosas, como os horários de entrega de armas e tropas, formações de tropas ucranianas e outros detalhes militares.
Um documento rotulado como ‘top secret’ oferece o ‘Status do Conflito a 1 de março’. Naquele dia, autoridades ucranianas estavam numa base americana em Weisbaden, na Alemanha, para sessões de treino de guerra, e um dia depois, o general Mark A. Milley, presidente do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, e o general Christopher Cavoli, comandante supremo aliado para a Europa, visitaram estes treinos militares.
Outro documento inclui colunas que listam unidades de tropas ucranianas, equipamentos e treino, com cronogramas de janeiro a abril. O documento contém um resumo de 12 brigadas de combate que estão a ser montadas, sendo que nove delas aparentemente estão a ser treinadas e fornecidas pelos Estados Unidos e outros aliados da NATO. Entre essas nove brigadas, os documentos afirmam que seis ficaram prontas até 31 de março e o restante até 30 de abril. Uma brigada ucraniana tem cerca de 4.000 a 5.000 soldados, afirmaram os analistas.
O documento disse que os tempos de entrega de equipamentos afectariam o treino e a prontidão para fazer jus ao cronograma. O equipamento total necessário para nove brigadas, de acordo com o documento, era mais de 250 tanques e mais de 350 veículos mecanizados.
O New York Times escreve que esta divulgação é a primeira vitória significativa das secretas russa desde o início da guerra. Ao longo da guerra, os Estados Unidos forneceram informações à Ucrânia sobre postos de comando, depósitos de munição e outros pontos-chave nas linhas militares russas. Essa inteligência em tempo real permitiu aos ucranianos atacar as forças russas, matar generais e forçar o distanciamento da entrega de munições para mais longe das linhas da frente russas.
MINISTRO DA DEFESA DA UCRÂNIA CONFIRMA CONTRA-OFENSIVA
O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, confirmou esta quinta-feira, em Atenas, Grécia, que o exército ucraniano está a preparar-se para uma contra-ofensiva contra as forças russas.
Na quarta-feira, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, efectuu visita oficial à vizinha Polónia para fortalecer o apoio regional diante de uma nova contraofensiva prevista para as próximas semanas.
Além de ter aberto as fronteiras para receber mais de um milhão de refugiados ucranianos nos últimos 13 meses de guerra, a Polónia também chamou a atenção do Ocidente para a guerra e angariou parte do apoio político e militar de países europeus ao governo de Zelensky.
O assessor do governo polaco, Marcin Przydacz, afirmou que a visita ‘é um sinal de confiança e de agradecimento à Polónia e aos polacos’.
Para além de receber refugiados, a Polónia, que é membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), desempenhou um papel importante em persuadir outras potências ocidentais a fornecer tanques de guerra e outras armas à Ucrânia.
(AIM)
DM