Maputo, 11 Abr (AIM) – O Fórum das Associações Moçambicanas de Pessoas com Deficiência (FAMOD) acusa a Comissão Nacional de Eleições (CNE) de excluir as pessoas com deficiência dos pleitos que se avizinham.
A preocupação foi expressa pela vice-presidente da mesa da assembleia do FAMOD, Marília Xerinda, na manhã desta terça-feira (11), durante o Seminário de Apresentação e Discussão de Resultados da Pesquisa Referente ao Acesso a Medicamentos para Pessoas com Deficiência em Moçambique.
Segundo Xerinda, os órgãos que cuidam das eleições pecam por entrar em contacto com a sua agremiação tardiamente quando os pleitos já estão a porta.
“Este é o ano eleitoral, nós fizemos um trabalho nas eleições passadas e a comissão eleitoral não voltou a contactar a FAMOD no sentido de monitorar e ver como é que vai ser a questão da votação das pessoas com deficiência. Não nos voltaram a contactar. Não é falar de eleições na altura que já estão para ser realizadas, porque isto é um processo”, disse.
A vice-presidente sintetiza que a FAMOD praticamente desconhece os dados em torno das eleições e do material para a pessoa com deficiência, uma vez que recebe a informação tardiamente.
“Nós não sabemos quando é que serão [as eleições], se está precavida, se vai haver boletins de voto em Braille, língua de sinais, se existem os instrumentos para as pessoas com deficiência visual e física. Isto tudo é um processo que tem um início e fim. Mesmo as pessoas que estão a trabalhar nas mesas de voto, não sei se terão atenção em relação a pessoas com deficiência”, alertou.
De acordo com a vice-presidente, “contactaram agora o FAMOD mas não deve ser assim”.
Explicou que “é um direito do cidadão [pessoa com deficiência] votar, ter informação com a devida antecedência, da mesma forma como as pessoas sem deficiência tem. Estamos a saber das eleições a 02 ou 03 anos, mas as pessoas com deficiência não tem acesso. É muito importante ter esta informação.”
Xerinda acrescentou que se a sociedade civil não intervir ninguém irá colocar a mão a favor das pessoas com deficiência, apelando a mudança por parte de quem deve.
“Se não formos nós a sociedade civil, nós como associação, falar com as pessoas com deficiência, dar a informação, pouco ou nada se faz. Eu apelo para que se mude de atitude porque é um direito do cidadão votar. Nós esperamos que haja integração de pessoas com deficiência na Comissão Nacional de Eleições”, concluiu.
O seminário de dois dias fez a apresentação da pesquisa “Custos Económicos e Sociais na aquisição de Medicamentos em Moçambique” e contou com a participação do FAMOD, Observatório do Cidadão para Transparência e Boa Governação no Sector de Saúde (OCS), Cooperativa Luana Semeia Sorrisos (COLUAS), e da Plataforma da Sociedade Civil Moçambicana para a Protecção Social (PSC – PS).
(AIM)
Custódio Cossa (CC)/mz