Lisboa, 11 Abr (AIM)- A fuga de documentos confidenciais das Forças Armadas norte-americanas e da NATO, divulgados nas redes sociais, reforça acusações de que os Estados Unidos da América (EUA) fazem espionagem e tentam ‘controlar os seus aliados e todos os que se opõem à sua hegemonia’, sublinha comentadora e Professora Auxiliar na Universidade Autónoma de Lisboa.
Quem assim o diz é Sónia Sénica, comentadora da CNN Portugal e que analisa as ‘várias camadas de consequências e impactos políticos’ que a divulgação dos documentos confidenciais da NATO e dos Estados Unidos poderá ter para todos os envolvidos. Mais de cem documentos classificados, que terão informações secretas sobre planos da Segurança Nacional Americana relativos à Ucrânia, ao Médio Oriente e à China foram divulgados nas redes sociais na semana passada, de acordo com o jornal norte-americano ‘New York Times’.
Embora o caso ainda careça de investigação, a comentadora da CNN Portugal e Professora Auxiliar na Universidade Autónoma de Lisboa considera que o elemento mais ‘prejudicado’ terá sido a Ucrânia, que viu reveladas informações sobre a sua organização e capacidade militar.
Para além de informação sobre a Ucrânia, a fuga de documentos aponta também para o facto de os Estados Unidos ‘promoverem espionagem a parceiros importantes’, como a Coreia do Sul, e reacende aquelas que são as maiores críticas que a China e a Rússia apontam a Washington: ‘a tentativa de controlar os seus aliados e todos os que se opõem à sua hegemonia em termos internacionais’.
Por seu turno, o coronel português Carlos Mendes Dias comenta o caso da divulgação de documentos confidenciais da NATO e dos Estados Unidos – documentos esses que, acredita, ‘já todas as partes conheciam’.
Embora admita que as informações agora divulgadas possam ter sido trabalhadas, o também comentador da CNN Portugal considera que o conteúdo é irrelevante e que a principal preocupação é a ‘origem’ destes documentos.
PRESIDENTE DOS EUA JOE BIDEN FOI INFORMADO DA FUGA DE DOCUMENTOS CONFIDENCIAIS ‘NO FINAL DA SEMANA PASSADA’
John Kirby, do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, garantiu esta segunda-feira que o presidente Joe Biden foi informado da fuga de documentos confidenciais ‘no final da semana passada’, diz a agência Reuters.
O Pentágono considera que fuga de documentos classificados coloca um risco “muito grave” para a segurança nacional dos EUA.
O facto de estes documentos estarem a circular na internet implica “um risco muito grave para a segurança nacional e podem potencialmente alimentar a desinformação”, indicou aos ‘media’ Chris Meagher, um porta-voz da Defesa norte-americana.
“As fotos parecem mostrar documentos de formato semelhante ao utilizado para fornecer actualizações diárias aos nossos altos responsáveis das operações relacionadas com a Ucrânia e a Rússia, e ainda outras actualizações de informações”, disse Meagher.
FUGA DE DOCUMENTOS CLASSIFICADOS CAUSA MAL ESTAR ENTRE EUA E COREIA DO SUL
A Coreia do Sul diz ter tomado conhecimento da fuga de diversos documentos militares confidenciais dos Estados Unidos e planeia discutir as preocupações levantadas depois do escândalo, confirmou uma autoridade sul-coreana no domingo.
‘AS GUERRAS NÃO SE GANHAM SÓ COM TIROS. GANHAM-SE TAMBÉM COM PROPAGANDA E CONTRA-INFORMAÇÃO
José Manuel Anes comenta a possível origem dos documentos secretos da NATO e dos Estados Unidos da América que, alegadamente, conteriam informações confidenciais sobre a guerra na Ucrânia.
As hipóteses mais prováveis apontam para que a Rússia tenha sido a responsável pela divulgação destes documentos nas redes sociais, recorrendo a agentes infiltrados (‘pode ter sido outro Edward Snowden’) ou a hackers.
Há ainda a possibilidade de estes documentos terem sido revelados pelos próprios norte-americanos. Esta seria a ‘opção mais maquiavélica de todas’, como afirma José Manuel Andes, mas deve ainda assim ser considerada: ‘na guerra, tudo é possível’.
RÚSSIA NEGA RESPONSABILIDADE NA FUGA DE INFORMAÇÃO DO PENTÁGONO
A Rússia já negou a responsabilidades na fuga de vários documentos secretos do Pentágono.
(AIM)