
Campos de producao de cana de acucar e banana do sector familiar na Vila da Manhica, ainda inundados no periodo pos cheias. Foto de Ferhat Momade
Manhiça (Moçambique), 17 Abr (AIM) – A vila municipal da Manhiça, na província de Maputo, sul de Moçambique, está em risco de enfrentar bolsas de fome, como consequência das últimas chuvas que inundaram 12.768 hectares, provocando a perda de 9.248 hectares de culturas diversas.
Segundo o extensionista da edilidade, Fernando Xirindza, o município perdeu cerca de 52 hectares de banana; 297 de amendoim; 347 de batata-doce; 658 de feijão nhemba; 1.384 de milho; e 6.514 de cana-de-açúcar, dos quais, 6.214 pertencentes a Açucareira da Maragra.
Para fazer face a esta situação, segundo a fonte, a edilidade está a trabalhar em parceria com o governo e parceiros de cooperação, na busca de insumos, sementes, kits, entre outros produtos para os agricultores.
“O Município está a levar a cabo algumas acções junto dos parceiros, visando adquirir sementes e outros produtos para apoiar as famílias que perderam as suas culturas. Estamos a criar um fundo para a compra de sementes para apoiar os produtores, tendo em conta que tivemos uma área de 12.768 hectares inundados, disse Xirindza, em entrevista à AIM.
“Na organização dos solos e na escolha de semente de qualidade, temos dado assistência aos produtores, administrando as boas práticas de produção, de modo que os nossos camponeses possam produzir devidamente, explicou”.
Com o abrandamento das águas nos campos, segundo Xirindza, decorrem acções que visam sensibilizar as populações a regressarem aos campos de cultivo, enquanto a edilidade busca outros meios alternativos para ajudar.
“Já que os níveis da água estão a reduzir, notamos que existem alguns campos que estão em condições para iniciar actividades. Neste momento, estamos a sensibilizar a população para voltar aos seus campos, enquanto a edilidade procura meios de adquirir sementes para apoiar cerca de oito mil famílias que precisam de um apoio directo, não só em semente, porque isso começa a trazer bolsas de fome”, anotou.
Em relação à actividade pesqueira, Xirinda relatou casos de pescadores que perderam redes de pesca e barcos, arrastados pelas águas da chuva.
Segundo a fonte, actualmente, o município tem oito piscicultores a exercerem as suas actividades em pleno, sendo que, para este ano, a edilidade prevê arrecadar nove mil toneladas de pescado.
Recentemente, o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER), Celso Correia, efectuou uma visita aos locais inundados naquela autarquia e não só, tendo constatado a perda de 15 mil hectares de campos de cana-de-açúcar, o que representa mais da metade do total da área cultivada.
Ainda assim, garantiu que não haverá escassez de açúcar nem subida do preço.
Dos 15 mil hectares destruídos, cerca de 8.500 pertencem aos produtores subcontratados, o que representa grandes prejuízos, pois, na sua maioria, fizeram grandes investimentos e têm dívidas com a banca.
O sector de produção do açúcar sustenta cerca de 25 mil famílias no País e tem um volume anual de negócios que ronda os 150 milhões de dólares e cerca de 65 milhões de dólares nas exportações.
(AIM)
Leonel Ngwetsa (LW)/dt