Maputo, 24 Abr (AIM) – Os bispos da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM) manifestam a sua preocupação com a violência que, frequentemente, rodeia os processos eleitorais no país.
A preocupação foi expressa durante a audiência que o Presidente da República, Filipe Nyusi, concedeu aos membros da CEM hoje, em Maputo.
Falando durante o evento, o presidente da CEM, Inácio Saúre, disse que como cidadãos e pastores da igreja, verificam dois sentimentos nas vésperas da realização das eleições, um de festa, e outro de receio da eclosão da violência.
“Acreditando que a história é a mestra da vida, somos da opinião que, para as eleições que se avizinham sejam oportunamente criados mecanismos que encorajem a convivência pacífica entre os cidadãos e que favoreçam a prevenção de qualquer tipo de violência pré-eleitoral, durante e pós-eleitoral”, disse Saúre.
Refira-se que arrancou semana passada o recenseamento eleitoral, rumo as VI eleições autárquicas, marcadas para 11 de Outubro próximo, que terão lugar nas 65 autarquias existentes em todo o país.
O período eleitoral, segundo Saúre, que actualmente é arcebispo de Nampula, “cria muitas expectativas”, no seio dos moçambicanos.
Num outro desenvolvimento, o presidente da CEM diz que aguarda, com serenidade, a implementação do Acordo sobre Princípios e Disposições para o Relacionamento entre Moçambique e a Santa Sé, assinado por ambos governos, em 2011, sobretudo as cláusulas quem versam sobre vistos, e atribuições jurídico-legais no exercício das acções da igreja católica no país.
“A implementação dos artigos 5, e 9, do Acordo, isto é, o reconhecimento da personalidade jurídica da Igreja Católica e das suas instituições, e o visto de residência para missionários não moçambicanos”, afirmou.
Já a ministra da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Helena Kida, que participou no evento, explicou que existem medidas que devem ser tomadas para evitar conflitos recorrentes entre os partidos políticos, entre as quais explicar aos eleitores e simpatizantes de partidos políticos que as eleições são um período de festa.
“O que se pretende é ter eleições, e que seja um momento de festa, e não momento para guerrear; então, penso que vamos melhorando a par e passo quanto durar o processo de recenseamento [eleitoral]”, disse Kida.
Acrescentou que vai ser feito “um trabalho de consciencializar a todos sobre a necessidade de mantermos alguma urbanidade nesta época, neste processo, afinal é um momento sublime em que todos nós temos o direito de definir o que é que nós queremos para o nosso país, e a quem é que nós queremos que esteja a frente dos destinos do nosso país”, afirmou.
Sobre o Acordo, a ministra disse “é um assunto que será resolvido, pois vamos retomar os encontros que haviam de modo a se encontrar soluções e, eventualmente a solução passe por rever alguns dispositivos, quer seja do acordo assinado [em 2011] como também da nossa legislação, se for o caso, para que não haja proliferação de registos e entidades”.
Para o caso do visto de residência dos missionários em Moçambique, Kida afirmou que “existe uma luz no fundo do túnel porque recentemente alguns países passaram a integrar uma lista que estão isentos de apresentar visto para entrar no país”.
No que concerne o combate ao terrorismo e ao extremismo violento que assola alguns distritos da província de Cabo Delgado, norte do país, a CEM insiste que a solução pode não ser apenas por via militar.
O CEM serve como a principal assembleia dos prelados cristãos em Moçambique e, é parte do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagáscar, por meio da sua participação no Encontro Inter-regional dos Bispos do Sul da África.
(AIM)
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