Maputo, 25 de Abr (AIM) – A Associação de Comércio, Indústria e Serviços (ACIS) acredita que a exploração do gás natural do projecto Mozambique LNG, localizado na bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado, será um factor determinante para o equilíbrio da balança comercial entre o país e a França.
Moçambique regista actualmente um grande défice comercial com a França, apesar do incremento significativo no volume de exportações que se regista nos últimos anos.
Aliás, estatísticas apresentadas segunda-feira pelo Ministro da Indústria e Comércio, Silvino Moreno, indicam que as exportações de Moçambique estão cifradas em perto de 200 milhões de dólares norte-americanos, contra 700 milhões de dólares de importações daquele país europeu.
A convicção surge pelo factor da França ser um país importador do gás, aliado ao facto de a concessão de exploração na costa norte de Moçambique estar adjudicada a petroquímica francesa TotalEnergies, que em 2019 assinou a decisão final de investimento para a implementação do projecto orçado em 20 bilhões de dólares que, infelizmente, acabou por suspender por questões de segurança.
A convicção foi expressa hoje (25), em Maputo, pelo economista, Luís Magaço, presidente da ACIS, em entrevista a AIM, a margem do Fórum de Negócios e Investimento França-Moçambique, um evento de dois dias em curso desde a segunda-feira, em Maputo.
“Neste momento nós precisamos mais da França do que eles de nós, mas isso vai mudar com as exportações do gás natural. A longo prazo eu vejo os hidrocarbonetos como elemento que vai colocar o país numa situação favorável”, disse a fonte.
De acordo com a ACIS, o equilíbrio na balança comercial vai traduzir-se em ganhos substanciais para Moçambique, numa altura em que o país precisa de divisas, no entanto, alerta que o processo ainda levará algum tempo, olhando para a situação de Cabo Delgado, embora reconheça que o ambiente de segurança melhorou consideravelmente nos últimos tempos.
“Eu creio que já estão criadas as condições mínimas para o regresso da TotalEnergies. As coisas melhoraram significativamente em Cabo Delgado”, disse.
Assegurou que, como empresário, sente que todas as dinâmicas no país e no estrangeiro apontam para a retoma do projecto Mozambique LNG, algo que deverá acontecer entre o terceiro e quarto trimestre do corrente ano.
“Digo isso porque aquilo que eu oiço dos membros do Governo bem como da própria TotalEnergies”, afirmou.
Como sector privado, a ACIS encara igualmente com boas perspectivas a extensão das trocas comerciais entre Moçambique e a França continental, bem como as Ilhas Reunião e Mayotte, olhando para o factor proximidade das duas ilhas africanas como uma oportunidade para a ampliação do mercado para exportações.
(AIM)
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