Chimoio (Moçambique) 02 Mai (AIM) – As autoridades sanitárias da província de Manica, centro de Moçambique, afirmam estar controlado o surto de cólera que eclodiu em Fevereiro passado e se alastrou para cinco distritos daquela região.
O distrito de Tambara, que faz limite com a província de Tete, foi o primeiro a declarar casos de cólera, em Manica.
Desde Fevereiro, a província notificou 10 mortes, vítimas da doença, em mais de mil casos diagnosticados.
Os distritos de Tambara, Chimoio, Manica, Gondola e Vanduzi são alguns que registaram casos de cólera.
O médico-chefe da província de Manica, Flávio Roque, assegurou que a doença está controlada, embora ainda existam alguns distritos com pacientes internados.
Roque falava recentemente à AIM, em Chimoio, sobre a situação epidemiológica da província.
Segundo a fonte, nos últimos 30 dias, a cólera não causou nenhum óbito, embora em algumas unidades sanitárias ainda existam pacientes internados e sob cuidados médicos.
“A situação está quase controlada. Nos últimos dias, tivemos (pacientes) entrados, mas sem óbito. Para nós, esse quadro é satisfatório, apesar de ainda existirem alguns distritos onde há ocorrência da doença”, disse Roque.
“Se compararmos com os meses passados, podemos dizer que o número de pacientes que dão entrada nos hospitais reduziu bastante. Tínhamos, em média, 10 a 20 pacientes por dia. Mas agora podemos receber dois ou mesmo três em toda a província. Para nós, isso e satisfatório”, acrescentou.
O médico-chefe explicou que o sector de saúde, com o envolvimento de líderes comunitários e parceiros, está a trabalhar na sensibilização da população para a observância de regras básicas de higiene individual e colectiva.
“Cada líder comunitário, no bairro em que ele mora, conversa com a população. Faz a mobilização para que cada família faça limpeza na sua residência, rua ou mesmo quarteirão”, afirmou.
Acrescentou que as campanhas de vacinação que tinham como finalidade imunizar a população dos cinco distritos e os apelos sobre a observância de medidas de higiene individual e colectiva são acções que contribuíram para combater a cólera.
Aos domingos, por exemplo, os líderes religiosos reservam algum tempo para dialogar com os crentes “sobre a importância de se cumprir com as medidas de prevenção para a saúde da população”.
“Os resultados estão sendo bastante animadores. Em alguns centros de tratamento da cólera já não temos pacientes internados. Mas, porque ainda estamos numa fase em que precisamos de estar em vigilância, as enfermarias continuam abertas. O seu encerramento, especialmente para a cólera, só será feito se tivermos a certeza de que a doença já foi combatida”, garantiu.
As autoridades de saúde e parceiros na província de Manica, estão a desencadear várias acções educativas e a fazer a distribuição de Cloro e Certeza para o tratamento da água nas comunidades.
“Fora da sensibilização, temos feito a distribuição de Cloro e Certeza às comunidades. A população tem esses produtos para desinfectar a água. Sabemos que muitas pessoas ainda consomem água dos poços e outras fontes que, por vezes, não são seguras. É sempre bom que coloquemos estes produtos e tenhamos a garantia de que estamos a beber água tratada. Assim evitaremos a eclosão da cólera nas comunidades”, acrescentou.
A província de Manica tem um universo de 2.4 milhões de habitantes, com 12 distritos, dos quais cinco tiveram o registo de cólera e diarreias agudas.
(AIM)
Nestor Magado (NM) /dt