Maputo, 09 Mai (AIM) – A coordenadora residente das Nações Unidas (NU) em Moçambique, Myrta Kaulard, diz que o desenvolvimento de Moçambique irá acontecer quando o país tiver a capacidade eficaz de responder às crises externas.
Moçambique, segundo Kaulard, que também é coordenadora Humanitária das NU para o país está exposto às crises externas contínuas.
“Para manter os resultados de desenvolvimento é importante ter uma flexibilidade, uma forte capacidade de resposta às crises, e isto é o que o país está a desenvolver e que já podemos ver os progressos”, disse.
Kaulard falava a jornalistas, minutos após apresentar, ao Presidente da República, Filipe Nyusi, cumprimentos de cessação que marcou o fim de seu mandato no país, um acto que teve lugar esta terça-feira (09), em Maputo.
Sobre as alterações climáticas, Kaulard reitera que Moçambique não é o responsável dos efeitos nefastos, incluindo ciclones, inundações, secas e estiagem que, anualmente, provocam danos humanos e materiais no desenvolvimento do país.
“Podemos constatar a resposta [dada] ao [ciclone] Freddy”, afirmou, acrescentando que as alterações climáticas criam custos enormes para o país, a cada ano.
Reconheceu a reacção do país face às consequências das mudanças climáticas, sublinhando a rápida resposta dada pelo governo para mitigar os efeitos nefastos dos ciclones que, nos últimos quatro anos, fustigaram o país.
Em Fevereiro e Março de 2023, Freddy atingiu, por duas vezes, respectivamente, o território moçambicano, tendo registado ventos de até 270 quilómetros por hora, causando mais de 150 mortes e 49 mil deslocados.
Kaulard apontou também a reacção dada pelo Executivo moçambicano para estancar a acção dos terroristas na região norte, sobretudo na província setentrional de Cabo Delgado.
Devido aos ataques terroristas que, nos últimos meses, tendem a abrandar, a petrolífera francesa Total Energies suspendeu o seu projecto de liquefacção de gás natural em terra, Mozambique LNG, localizado no distrito de Palma, em Cabo Delgado
Desde Outubro de 2017, os terroristas vem perpetrando ataques, que causaram cerca de 4.000 mortos, e perto de um milhão de deslocados.
O progresso, segundo Kaulard, deve caminhar em paralelo com a criação de oportunidades de emprego, educação, bem como o aumento da disponibilidade de serviços básicos para a população que, acrescentou, “está a crescer”.
“O que vemos como Nações Unidas é que temos boas bases para poder continuar este progresso”, afirmou.
Ainda sobre os progressos, a coordenadora residente apontou, como exemplo, o sector da saúde, sublinhando a rápida e eficaz resposta que o país forneceu para travar a pandemia da COVID-19.
Recentemente declarada pela Organização Mundial da Saúde como não emergência de saúde global, a COVID-19 em Moçambique fez cerca de 2.000 mortes.
No entanto, durante os quatro anos do seu mandato, a coordenadora residente das NU disse ter formulado um quadro de cooperação entre o governo e as NU, que iniciou em 2022, devendo terminar em 2026, focalizado em quatro áreas principais, nomeadamente desenvolvimento humano, diversificação económica, resiliência climática e direitos humanos e boa governação.
“Estes são os quatro elementos dos quais podemos identificar as prioridades de colaboração e que são áreas de desenvolvimento”, afirmou Kaulard.
Myrta Kaulard assumiu as funções de coordenadora residente das NU em Moçambique, a 01 de Julho de 2019.
(AIM)