Lilongwe, 18 de Maio (AIM) – As autoridades malawianas detiveram mais de 300 refugiados e requerentes de asilo, nas suas residências e estabelecimentos comerciais em Lilongwe, para forçá-los a transferir-se para um acampamento que dista cerca de 40 quilómetros ao norte da capital.
As detenções surgem na sequência de um trabalho conjunto entre a polícia e as autoridades de migração.
Os detidos, a maioria cidadãos do Burundi e da Etiópia, foram levados para a Prisão de Maula enquanto aguardam pela sua transferência para o campo de refugiados de Dzaleka.
A legislação malawiana proíbe refugiados e requerentes de asilo a permanecerem fora do campo de refugiados.
De acordo com a BBC, o ministro da Segurança Interna, Ken Zikhale Ng’Oma, disse no passado que não há motivo para os refugiados abandonarem o seu campo, que “possui facilidades em linha com os padrões internacionais, incluindo escolas primárias e secundárias, um centro de saúde e um mercado público”.
Os refugiados, no entanto, discordam e afirmam que preferem viver na cidade, longe do campo onde há melhores oportunidades de negócios e escolas para seus filhos.
Em Abril do ano passado, dois refugiados obtiveram uma ordem judicial que impedia o governo de transferi-los coercivamente.
Na altura, o Tribunal Supremo do Malawi ordenou uma aproximação entre o governo e refugiados para um acordo amigável sobre melhor caminho a seguir.
Nenhum acordo foi alcançado e o governo continua a exigir o retorno dos refugiados ao campo de Dzaleka que culminou com a acção policial desta quarta-feira.
O porta-voz da polícia, Peter Kalaya, disse que o exercício correu perfeitamente.
“O desafio que resta é encontrar um espaço suficiente para os refugiados e requerentes de asilo num campo que já está lotado”.
Dzaleka é o único campo de refugiados no Malawi e tem capacidade para acomodar pouco mais de 10 mil pessoas, mas neste momento alberga mais de 50 mil refugiados, a maioria dos quais provenientes do Ruanda, Burundi, Etiópia e República Democrática do Congo.
(AIM)
BBC/Zt/sg