Quelimane (Moçambique), 22 Mai (AIM) – O consulado do Malawi em Moçambique e os órgãos de governação descentralizada na província da Zambézia, centro do país, estão a aprimorar estratégias para maximizar a cooperação bilateral em vários domínios.
Para o efeito, decorre desde esta segunda-feira (22), em Quelimane, a capital da Zambézia, a primeira mesa redonda tripartida no âmbito da visita de uma delegação do consultado geral do Malawi. No encontro estiveram presentes membros do conselho Executivo provincial, e do Conselho dos Serviços de Representação de Estado na Zambézia.
O cônsul geral, Happy Saka, disse, na ocasião, que a pretensão do Malawi na Zambézia, em particular, é procurar colher experiências nos domínios de agricultura, comércio, educação e saúde, a semelhança do que sucede na vizinha província central de Tete.
Ao longo desta semana os visitantes prevêem ainda outros encontros com entidades público-privadas para, igualmente, expressar seu interesse de cooperar.
“Ao longo da nossa presença vamos continuar a realizar encontros noutros níveis para aprimorar outras linhas socio-económicas de interesse do Malawi, quiçá de ambos intervenientes”, disse Saka.
Durante a mesa redonda, as partes manifestaram-se abertas para o estreitamento da cooperação de forma a promover maior fluidez de trocas comerciais e exploração das potencialidades existentes nos dois países.
O Cônsul daquele país vizinho disse ainda que o seu governo está preocupado com a imigração ilegal, aliada aos ataques terroristas na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.
“Recentemente, as autoridades moçambicanas interpelaram, em Tete, mais de uma centena de cidadãos malawianos, quase todos eles sem identificação oficial, em trânsito, numa transportadora nacional, com suposto destino a África do Sul”, disse, defendendo o reforço do controlo nas fronteiras de ambos países.
A contraparte moçambicana, representada pelo governador da província, Pio Matos, despertou que Zambézia é a melhor “câmara de comércio maritimo” para o Malawi.
“Para nós é uma honra e privilegio receber a iniciativa que o governo do Malawi tem em estabelecer aproximação com a província da Zambézia. Estamos sempre abertos e, por isso, temos o Porto de Quelimane sempre disponivel. Alias, é uma das infra-estruturas que temos a oferecer em primeira mão”, assegurou Matos.
Além das relações comerciais seculares entre os dois paises, Pio Matos disse que o mais importante é unir os valores que os dois povos tem através de festivais culturais e desportivos, e acredita serem as formas mais elementares de juntar os dois povos.
“Os valores culturais e língua da população do distrito de Milange [Moçambique] e do Mulange [no Malawi] são os mesmos e continuarão para sempre. Por isso, a partir de hoje, a vossa presença volta a mostrar que estamo-nos unindo de novo para o bem comum”, anotou.
Lembrou que “nos mercados malawianos grande parte de vendedores é da Zambézia, e que a delegação malawiana poderá visitar os nossos mercados formais e informais para observar que tem, também, boa parte de comerciantes malawianos”.
O governante anotou que a intenção de uma câmara de comércio significa uma reaproximação do Malawi a Moçambique, através da Zambézia, por sinal uma das províncias geoestratégicas devido a competitividade para o acesso ao interland. “Isso deve atrair investimentos recíprocos”.
“A Zambézia é a porta marítima mais próxima que o Malawi tem. Não é Nacala, e nem Beira. Ė Zambézia porque tem um porto navegável a menos de um terço de distância em relação as demais cidades portuárias moçambicanas”, referiu.
Os órgãos de governação descentralizada na Zambézia manifestaram à sua contra parte malawiana a necessidade de instalação de escritórios para permitir a interacção recíproca com o tecido empresarial da Zambézia, a semelhança do que acontece na província de Tete.
Refira-se que a cidade de Quelimane tem uma gemelagem com a cidade de Blantyre, há 26 anos.
(AIM)
Lopes Obadias/mz