Maputo, 24 Mai (AIM) – A Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, acusa a Frelimo, o partido no poder, de não constatar nenhum problema relacionado com o processo de recenseamento eleitoral em curso em todos os 65 municípios do país.
Falando esta quarta-feira (24), em Maputo, à jornalistas após um encontro de cortesia com o Arcebispo de Maputo, João Carlos Nunes, o líder da Renamo, Ossufo Momade, disse que todos os membros da Comissão Política da Frelimo estão em missão de trabalho nas províncias, e “não há nenhum que diz que há um problema. Todos dizem que o processo está a decorrer normalmente. Isso é preocupante”.
Momade indagou aos repórteres o facto de a Frelimo estar a afirmar que o processo de recenseamento eleitoral está a decorrer bem, “enquanto nós estamos a verificar que alguma coisa está errada”.
Os ilícitos que se verificam no processo de recenseamento eleitoral, de acordo com Momade, “são a mando de alguém”.
“Quando alguém leva o computador e vai recensear fora da autarquia, não é de iniciativa própria”, frisou, apontando o caso que ocorreu num posto de recenseamento eleitoral instalado no distrito municipal Ka Hlamankulu, na cidade de Maputo, a capital do país, em que desconhecidos roubaram o computador, que dias depois, o portátil surgiu no mesmo posto em que tinha desaparecido.
“Nunca nos apresentaram quem foi o ladrão, e onde é que eles apanharam [o computador]. Isso é preocupante”, sublinhou.
Após a realização das eleições municipais, a Renamo, segundo o seu líder, não gostaria de voltar a disparar.
“Quem dispara é o homem, e eu não gostaria que isso pudesse acontecer, por isso estamos a aproximar a igreja para que possa trabalhar para que não possamos ter aquilo que aconteceu no passado”, alertou Momade.
Desde as primeiras eleições gerais em Moçambique realizadas em 1994 e ganhas pela Frelimo, o maior partido da oposição tem contestado os resultados, o que precipitou conflitos pós eleitorais entre os dois principais partidos políticos.
Por isso, Momade afirmou que a igreja tem um papel muito importante para a sociedade, havendo necessidade de a congregação dar o seu contributo para a pacificação do processo eleitoral, sobretudo em relação ao governo.
Por seu turno, o arcebispo auxiliar da Arquidiocese, dom Tonito Muananoua, disse que durante o encontro houve partilha de assuntos que actualmente apoquentam a sociedade, e, como igreja aconselha caminhos mais viáveis para a busca de solução.
Tais caminhos devem, segundo Muananoua, ser imprescindíveis para preservação da paz no país.
“Os caminhos do diálogo, os caminhos de unirmos as forças e encontrarmos soluções pacíficas que nos ajudem a irmos ao encontro dos grandes anseios deste povo”, disse.
O arcebispo auxiliar apela aos moçambicanos a manterem-se na oração de modo que “a paz não seja só utopia ou letra morta”.
O recenseamento, que teve o seu início a 20 de Abril e com o término marcado para 03 de Junho próximo, visa inscrever potenciais eleitores para as eleições municipais de 11 de Outubro próximo.
(AIM)
Ac/mz