
Maputo, 31 Mai (AIM) – A Rússia manifestou hoje (31) a sua disponibilidade para apoiar Moçambique no combate ao extremismo violento que assola a província de Cabo Delgado, no extremo norte do país, desde Outubro de 2017.
A disponibilidade foi expressa pelo chefe da diplomacia russa, Sergey Lavrov, em conferência de imprensa, havida em Maputo, minutos após de uma audiência que lhe foi concedida pelo estadista moçambicano, Filipe Nyusi.
“Na base da nossa experiência de cooperação estamos dispostos a fornecer aos nossos amigos moçambicanos uma série de equipamentos, tanto para o reforço da segurança do país, como para o combate ao terrorismo”, disse Lavrov.
A Rússia também manifestou a disponibilidade de reactivar o funcionamento da Comissão para a Cooperação Técnico Militar que, durante cinco anos, esteve inoperacional devido a eclosão da pandemia da Covid-19 que afectou o mundo inteiro.
A visita do diplomata europeu, surge no âmbito dos preparativos da II Cimeira do Fórum de Negócios Rússia-África, a ter lugar em Julho próximo na cidade de São Petersburgo.
Lavrov salientou que existem várias empresas Russas dispostas a firmar parcerias com as suas congéneres moçambicanas, razão pela qual, convidou Moçambique a participar no evento.
“Há várias empresas russas que querem trabalhar no mercado moçambicano, posso mencionar algumas ligadas a produção de camiões, equipamentos eléctricos, e também o consórcio das empresas de construção dos gasodutos”, disse Lavrov.
“Estamos a estudar a possibilidade de os nossos empresários entrarem para o mercado moçambicano em vários projectos”, acrescentou.
Falando em nome do governo moçambicano, o ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos (MOPRH), Carlos Mesquita, disse que durante o encontro o estadista moçambicano partilhou a estratégica holística do país no combate ao terrorismo.
A estratégia segundo o governante, assenta em três pilares, nomeadamente: o reforço da capacidade combativa das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM); Promoção do Desenvolvimento de Programa Integrado nos Sectores Sócio Económicos nas províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa (norte) e provisão de apoio humanitário de emergência para mitigar o sofrimento das populações.
“O Chefe do Estado também manifestou o desejo de incrementar o reforço das relações, nos domínios políticos, diplomático, económico, comercial e sócio cultural entre os dois países”, anotou.
Segundo a fonte, o estadista moçambicano abordou também o estágio do Processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos homens armados da Renamo, o maior partido da oposição, que se encontra na fase conclusiva.
Aliás, disse Mesquita, o DDR é um contributo importante para o restabelecimento da paz e reconciliação em Moçambique.
Segundo Mesquita, as partes também passaram em revista a interacção Moçambique/Rússia no âmbito do Conselho de Segurança das Nações Unidas, bem como a luz da visita oficial de Filipe Nyusi àquele país europeu, ocorrida em Agosto de 2019.
Lavrov visita o país, cinco meses depois de Moçambique ter sido eleito, por unanimidade, membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, órgão do qual a Rússia é membro fundador.
Mesquita aproveitou a oportunidade para reafirmar a neutralidade de Moçambique no conflito Rússia-Ucrânia.
Esta é a terceira vez que Lavrov vista Moçambique, a primeira foi em 2013.
(AIM)
LW/sg