Maputo, 31 Mai (AIM) – O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, disse respeitar o voto de neutralidade de Moçambique relativo ao conflito russo-ucraniano, em todas as votações efectuadas na Assembleia Geral das Nações Unidas.
Falando hoje, em Maputo, durante uma conferência de imprensa que teve lugar minutos após um encontro de cortesia que manteve com o Presidente da República, Filipe Nyusi, Lavrov explicou que a Rússia não pretende coagir a nenhum país, pois respeita a soberania e o povo de cada país no mundo.
“Nós respeitamos os direitos dos Estados de decidirem eles próprios”, afirmou o diplomata russo, que termina hoje a sua visita de trabalho de dois dias a Moçambique.
A Rússia, segundo Lavrov, respeita a decisão de todos os países do mundo, incluindo Moçambique, de decidir as suas posições.
Sublinhou que a posição de Moçambique alia-se às relações existentes entre Rússia e Ucrânia, o que contrariamente fazem os países do Ocidente.
Para Lavrov, o Ocidente coage países a tomarem decisões de acordo com as suas pretensões.
“Nós não corremos pelo mundo fora para dizer: não façam isso, não façam aquilo”, vincou.
Por seu turno, o ministro moçambicano das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, Carlos Mesquita, reiterou que Moçambique é um Estado soberano, e a Constituição já orienta as posições que deve tomar em certos eventos internos, assim como internacionais.
“Moçambique e o seu governo desenvolveram valências que são respeitadas a nível internacional a ponto de, quando fomos a votação para ser membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, tivemos uma votação por unanimidade”, afirmou Mesquita.
Explicou que, no âmbito dos instrumentos de direito internacional para o qual exige respeito a cada país soberano, Moçambique decidiu posicionar-se pela neutralidade.
Segundo Mesquita, o facto de ter concordado para que a Ucrânia abra a sua Embaixada no país, “não significa que vamos estar debaixo de orientações, ou de instruções da Ucrânia”.
O Estado moçambicano, de acordo com o governante, tem as suas convicções e sabe como deve redimir matérias de cooperação e de relações internacionais.
“Por isso, pensamos que não vai haver absolutamente problema nenhum, razão pela qual o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia está aqui presente em Moçambique”, afirmou, tendo assegurado que ambos países vão fortalecer, cada vez mais, as relações bilaterais.
Lavrov esteve em Maputo no âmbito do périplo que realiza pelos países africanos.
O chefe da diplomacia russa iniciou a passagem por África na segunda-feira (29) em Nairobi, onde se reuniu com o Presidente queniano, William Ruto, e na terça-feira (30) esteve na capital burundesa, Bujumbura, e se encontrou com o seu homólogo, Albert Shingiro.
Na quinta-feira (01) e sexta-feira (02), o diplomata russo deverá participar numa reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do Grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) na cidade do Cabo, na vizinha África do Sul, em preparação da cimeira que o país africano acolhe em Agosto.
A viagem do ministro antecede também a segunda cimeira Rússia-África, que se realizará em São Petersburgo, em Julho próximo.
A visita à África surge depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, ter concluído, na semana passada, uma digressão pelo continente, que incluiu Moçambique, durante a qual instou os países africanos a porem termo à sua neutralidade em relação à guerra Rússia-Ucrânia.
(AIM)
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