Nampula, (Moçambique), 13 Jun (AIM) – Discrição foi a tónica que marcou a passagem do Dia Internacional de Consciencialização do Albinismo assinalado hoje (13) e que juntou pouco mais de meia centena de pessoas, numa marcha na cidade de Nampula, capital da província do mesmo nome no norte de Moçambique.
A actividade foi organizada pela Associação “Amor à Vida”, de âmbito nacional, que junta pessoas com albinismo, seus familiares e amigos, que na província de Nampula, tem 50 membros.
Walter Mussa, responsável local da “Amor à Vida”, confirmou à AIM que apesar não ter sido reportado qualquer caso de rapto ou sequestro no corrente ano, ainda persistem problemas de segurança, dificuldades no acesso aos cuidados de saúde e estigmatização.
Num passado recente, os distritos de Larde, Mogovolas, Mecubúri e Angoche, testemunharam actos macabros perpetrados contra pessoas com albinismo, que culminaram em assassinatos. A maioria dos casos foram julgados e condenados.
“Temos casos de estigmatização, exclusão social, bullyng, e dificuldades no acesso ao trabalho e educação. Quando falamos de albinismo em Moçambique lembramo-nos dos casos de rapto e sequestro, mas neste ano ainda não tivemos qualquer informação. Mas não podemos dizer com toda a certeza absoluta que já não existe, pode ser que a informação ainda não tenha chegado a nós”, explicou.
A fonte relatou que uma das iniciativas em curso é liderar campanhas de consciencialização para que a sociedade melhore a atitude que demonstra para com os albinos.
“Não posso dizer que já não há casos de pessoas que nos tratam mal, por exemplo nas vias públicas deparamo-nos com aqueles que nos desprezam, chamam-nos de bolada ou negócios, palavras e gestos que nos magoam, mas estamos aqui clamando pelo fim da exclusão social”.
Sobre a marcha por algumas artérias da cidade de Nampula na manhã de hoje. Mussa disse que a exposição pública, serviu para demonstrar que o albinismo não tem nada de anormal e nem mistérios.
Sobre os apoios recebidos pela associação, Walter Mussa citou como exemplo a Procuradoria, direcções provinciais da Saúde e Género, Criança e Acção Social.
“Há pessoas de boa-fé, da sociedade que nos apoiam, por exemplo, hoje estamos aqui a distribuir kits com conteúdos para tratamento da pele e protecção da vista. O nosso maior inimigo é o sol”, anotou.
Apelou, por outro lado, as agências bancárias para melhorarem os locais de espera para o atendimento, no exterior, visto estarem desprovidos de guarda-sol, algo que para os albinos representa um sério problema para a pele, provocando queimaduras e até cancro.
Albinismo em humanos é uma doença autossômica recessiva caracterizada pela redução ou ausência de melanina.
Predominam dois tipos principais de albinismo: o ocular que manifesta alterações oculares e óculo-cutâneo no qual encontramos alterações na pele, olhos e cabelos.
(AIM)
RI/sg