
Maputo, 14 Jun (AIM – O MISA Moçambique repudia os actos de intimidação a jornalistas, protagonizados por dirigentes do Conselho Autárquico de Nampula, na região norte.
Segundo o MISA, os actos de intimidação ocorreram durante a apresentação de duas ambulâncias oferecidas a edilidade de Nampula pelo município de Amarante, uma autarquia portuguesa, com acordo de gemelagem com o município de Nampula.
“O primeiro caso, reporta o Núcleo Provincial do MISA em Nampula, ocorreu esta Segunda-feira (12), quando o Presidente daquela autarquia, Paulo Vahanle, exigiu a retirada da jornalista da Televisão de Moçambique (TVM), Elisa Fernando, e o repórter de imagens José Arlindo”, explica o MISA em comunicado.
Acrescenta que, num áudio partilhado pela equipa de repórteres afectados, Vahanle justifica a sua atitude com o facto de aquela estação de radiodifusão pública não ter exibido a sua imagem aquando da realização do Id Ul-Fitr, cerimónia que anualmente marca o fim do jejum de 30 dias da comunidade islâmica.
“Para lograr seus intentos, impedir a equipa da TVM de cobrir o evento, Paulo Vahanle instigou os populares presentes no local a vaiarem os jornalistas visados. Diante deste cenário, os dois repórteres optaram por abandonar o local do evento”, lamenta o MISA Moçambique.
Na mesma cerimónia, segundo a fonte, o repórter do Wamphula Fax, Areno Fogão, viu o seu telemóvel confiscado pelo Director de Comunicação e Imagem do Conselho Autárquico da cidade de Nampula, Nelson Carvalho, por alegadamente não ter sido dada a autorização aos repórteres para a captação de imagens e som.
“O MISA Moçambique repudia esta e qualquer outra forma de intimidação e de pressão contra jornalistas. A atitude do Presidente do Conselho Autárquico de Nampula e do respectivo Director, entende o MISA, representam uma clara interferência na independência editorial dos media no geral e, particularmente, da TVM e do Wamphula Fax”, realça.
O MISA considera que a cobertura jornalística de um evento, seja qual for, “não deve ser, obrigatoriamente, sinónimo de publicação.”
Recorda que é de lei e responsabilidade exclusiva dos jornalistas e das respectivas redacções seleccionar as fontes que melhor retratam o conteúdo jornalístico e decidir o que será noticiado, no quadro dos seus compromissos editoriais, éticos e deontológicos característicos da profissão.
Relativamente ao caso Wamphula Fax, o MISA entende que seria anormal que o jornalista permanecesse estático e com gravador desligado, em contexto de preparação de uma entrevista.
Por isso, lembra o MISA, a atitude da direcção de comunicação daquela autarquia parece “órfã” de qualquer nexo.
Face a esta situação, o MISA apela ao Conselho Autárquico de Nampula a parar imediatamente com as ameaças à jornalistas.
Faz lembrar que, “estando insatisfeito com alguma prática contrária à lei e aos instrumentos normativos do jornalismo, a instituição pode recorrer a instâncias legalmente previstas para denunciar e exigir possíveis correcções tanto de conteúdo como de práticas e rotinas.”
(AIM)
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