
Encerramento da última base da Renamo crucial para convivência pacífica entre moçambicanos – Ossufo Momade
Maputo, 15 Jun (AIM) – O Presidente da Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, afirma que o encerramento da última base militar de Vanduzi, distrito de Gorongosa, província central de Sofala, constitui um passo importante para a eterna convivência pacífica entre os moçambicanos.
Ossufo manifestou a convicção na manhã desta quinta-feira em Gorongosa, numa cerimónia dirigida pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e que contou com a presença de membros da comunidade internacional e demais convidados.
O encerramento da última base, num total de 16, enquadra-se na Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR) dos homens da Renamo na vida civil, assim como na polícia e no exército moçambicano.
“Fechamos mais uma etapa da nossa história com chave de ouro, depois do conflito político-militar. Com o encerramento desta base, auguramos uma nova página na nossa história como nação. Aguardamos pelas promessas quer do governo, quer da comunidade internacional.”
“Continuamos a dialogar e a encorajar os combatentes para que se mantenham serenos e confiantes no que estamos a fazer. Esperamos que se cumpra com o pagamento de pensões.”
Entretanto, lamenta a perseguição de membros do seu partido no âmbito de atribuição de espaços para a construção de habitações e fixação de pensões, afirmando que “este facto colocou os nossos homens num ambiente de desconfiança e privação de condições condignas.”
Referiu que só recentemente o governo aprovou o decreto para a fixação de pensões, que era uma das condições da Renamo para o encerramento da última base.
Vincou que a paz pressupõe o bem-estar das famílias, convivência pacífica e o respeito pelos direitos de liberdade fundamental dos cidadãos.
“Portanto, não há paz quando há ódio, perseguição, intolerância, exclusão. Não deve haver cidadãos da primeira e segunda categoria, porque todos somos filhos da mesma pátria e o poder político deve ser alcançado através de eleições livres, justas e transparentes”, defendeu.
Sobre o recenseamento eleitoral que encerrou recentemente, Momade afirma que foi um exercício manchado por diversas irregularidades, incluindo impedimento da inscrição dos membros da oposição, roubo de Mobil IDs na calada da noite e recenseamento nas casas dos secretários dos bairros.
“Isto foi mais um ensaio de fraude eleitoral. Com a negação de eleições livres e falta de vontade política de ver Moçambique em paz, temos assistido à detenção de membros da Renamo”, acrescentou, adiantando que há interferência política nos órgãos de administração eleitoral.
Por isso, exortou aos órgãos independentes a resolver os problemas havidos no recenseamento para evitar um conflito pós-eleitoral. “O osso apelo é extensivo à comunidade internacional, que não tem poupado esforços para ver Moçambique pacificado”, sublinhou.
Por sua vez, o enviado especial do Secretário-geral das Nações Unidas, Mirko Manzoni, considera o encerramento da última base militar como motivo de orgulho para a região e para o mundo, visto que se enraíza a reconciliação em Moçambique.
“Assistimos ao encerramento da 16ª e última base da Renamo. Estar aqui em Vanduzi significa que o processo está realmente a encerrar. Testemunhamos, em primeira mão, o desejo colectivo da paz e fortes laços de amizade, que se formaram como resultado deste processo”, afirmou o diplomata.
Anotou que a implementação do acordo trouxe avanços na descentralização e na aprovação de importantes instrumentos para o país.
“A reconciliação nacional está a ficar cada vez mais enraizada na sociedade moçambicana, como se pode ver com a aprovação do decreto para a afixação de pensões. O mundo tem muito que aprender através desta abordagem única de Moçambique”, disse Manzoni.
“Vamos continuar a aprofundar o nosso trabalho para a integração e reconciliação. Moçambique pode continuar a contar com as Nações Unidas para uma paz definitiva”, sublinhou.
(AIM)
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