Maputo, 15 Jun (AIM) – O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, considera o encerramento da última base militar da Renamo, em Vanduzi, distrito de Gorongosa, província central de Sofala, como a escalada de mais um degrau para a consolidação de uma paz duradoira no país, volvidos mais de 30 anos após a assinatura do Acordo Geral de Paz, que pôs fim a guerra dos 16 anos.
O encerramento da última base, num total de 16, surge no âmbito do programa de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR) da força residual da Renamo, o maior partido da oposição no país.
O acordo rubricado entre o Governo e a Renamo preconiza a integração dos antigos guerrilheiros no exército, polícia, ou reinserção na sociedade e vida civil, assim como na polícia e no exército moçambicano.
“Assumimos este compromisso como um pressuposto para a concórdia e reconciliação nacional e juntos avançarmos nesta agenda que deve durar o tempo necessário”, disse o estadista moçambicano, durante o evento que teve lugar na manhã desta quinta-feira em Gorongosa.
O evento, que contou com a participação do Presidente da Renamo, Ossufo Momade, foi testemunhado por representantes da comunidade internacional e demais convidados.
Na ocasião, o presidente da Renamo entregou simbolicamente ao Presidente da República uma arma do tipo AKM, como parte representativa da desactivação da base e fim do DDR.
Ainda no local foram desmobilizados 347 antigos guerrilheiros, incluindo 100 mulheres, que por anos estiveram nas matas de Gorrongosa.
“Criaremos mecanismos para solucionar as reclamações que temos ouvido, no âmbito da DDR. Este é um processo contínuo. Em reconhecimento da contribuição particular das mulheres na construção da paz, defendemos sempre uma perspectiva de equidade, garantindo que as necessidades específicas das guerrilheiras sejam atendidas”, afirmou o estadista.
Para a paz duradoura, de acordo com Nyusi, não existe uma etapa final, “porque este é um processo que deve ser alimentado infinitamente.”
“Esta parcela do nosso país, Vanduzi, assume uma grandeza histórica singular, não como um epicentro de um conflito armado, mas como baluarte da paz e reconciliação entre os moçambicanos”, acrescentou.
Com este evento, encerra-se uma etapa fundamental que constitui o culminar de um longo processo, porém carregado de muito simbolismo.
“O processo iniciou aqui e aqui termina. Era justo que iniciasse e terminasse aqui porque, a partir desta base militar, acredito que a Renamo controlava outras bases”, disse o Presidente.
Referiu que as guerras só terminam quando as partes sentam-se para dialogar. Por isso, disse Nyusi, “orgulhamo-nos por esta conquista notável, que envolve moçambicanos de todas as partes e camadas. O acto que aqui testemunhamos representa o escalar de um degrau para uma paz duradoira, tão clamada pelos moçambicanos”.
Nyusi aproveitou a oportunidade para explicar a complexidade e morosidade que se regista no pagamento das pensões aos desmobilizados deveu-se à falta de fundos para o efeito.
“Demorámos também porque não havia dinheiro”, disse.
Aliás, disse Nyusi também existem varias questões de ordem burocrática e legal que precisam ser acautelados, citando como exemplo o visto do Tribunal Administrativo.
(AIM)
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