Maputo, 26 de Jun (AIM) – foi lançado esta semana em Maputo, o projecto “Meu Negócio, Minha Família”, com vista a fortalecer a capacidade de criação de riqueza no seio familiar e promover o desenvolvimento inclusivo em diferentes extratos sociais.
Trata-se de uma plataforma de apoio as famílias empreendedoras moçambicanas a dinamizarem seus negócios, tendo como base a transformação de iniciativas de geração de renda e sua sustentabilidade, tirando o máximo proveito das oportunidades de crescimentos em vários sectores de negócios.
A iniciativa vai operar como um centro de formação e desenvolvimento empresarial, promovendo a literacia financeira e a gestão financeira pessoal com vista a evitar o sobre-endividamento das famílias, mentoriando para uma cultura de empreendedorismo no núcleo familiar e não só.
Pensado igualmente para contribuir no alcance das metas dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), das Nações Unidas, dentre as quais, a erradicação da pobreza, o desemprego, as desigualdades sociais e a promoção do bem-estar, o mentor do projecto, Simião Guevane, assegurou que a iniciativa terá impacto positivo dado o seu caris social e foco nas finanças das famílias, em particular na juventude.
“Meu negócio, Minha Família é um projecto social, que visa promover boas práticas de gestão de negócios dentro dos núcleos familiares. Como sabem, por vezes há descontinuidade de projectos de geração de renda das famílias por várias razões. O nosso foco são jovens que se preocupam com a família. Para nós, não basta ser empreendedor, é preciso incluir a sua família nos negócios para que sejam sustentáveis a longo prazo”, disse o dono da iniciativa.
Para Guevane, as Micros, Pequenas e Médias Empresas (MPME) que na sua maioria enfrentam constrangimentos de vária ordem, podem encontrar através do projecto “Meu Negócio, Minha Família” uma capacitação e mentoria virada para resultados, numa altura em que muitas iniciativas empreendedoras tem dificuldade de acesso a financiamento devido a fraca estruturação.
“Convidamos a todos para que venham ao projecto, para receberem uma mentoria sobre como fazer negócio, para que alcancem o sucesso que almejam no mercado”, salientou.
Testemunhando o acto do nascimento do projecto, o representante do Banco Comercial de Investimento (BCI), Heisler David, assegurou que a sua instituição apoia iniciativas viradas para fomento de empreendedorismo, tendo garantido que o BCI continuará a investir nas ligações empresariais, sobretudo as MPME, como o principal motor do crescimento económico.
Vincou que, o BCI como forma de contribuir para alavancar as empresas de pequena dimensão, tem desenvolvido linhas de crédito atractivos com taxas de juro acessíveis que podem responder de forma eficaz a abordagem de negócio e o conceito plasmado no projecto em alusão.
Ouvido pela AIM, durante o lançamento do projecto, Mody Maleiane, uma empresária de créditos firmados na praça, e embaixadora da iniciativa, afiançou que não existem limites para o empreendedorismo, sendo que, o único segredo para o secesso no mundo de negócios é saber como aplicar o dinheiro, apontando a mentoria às famílias que se focam em negócios, como uma saída airosa para resolver problemas financeiros.
Defendeu categoricamente que, conversas sobre dinheiro não devem constituir tabus dentro das famílias moçambicanas, exortando aos casais para que abordem este tema com maior transparência possível, tendo em conta que, na sua óptica, o dinheiro é a base de sucesso a todos os níveis, chamando atenção para a necessidade de adopção de uma disciplina financeira que permita que as famílias façam investimentos dentro dos seus rendimentos.
“As famílias devem conversarem abertamente sobre o dinheiro. Os casais devem ter negócios juntos, ter conta conjunta, por que isso é que define quem somos e evita expectativas exacerbadas”, referiu Mody Mondlane.
Para a pastora Rosy Timane, também psicoterapêutica de famílias e casais, olha para a iniciativa como um mecanismo que vem quebrar crenças e paradigmas sobre o assunto de negócios dentro da família, numa sociedade ainda com tabus, onde infelizmente, parte significativa dos homens continuam a achar que não devem envolver suas parceiras nos negócios, por entenderem que representar perigo.
No entanto, apelou para que, num casal, as partes tenham noção sobre o papel que cada um desempenha, para que, mesmo desenvolvendo negócios juntos, isso não impacte negativamente na convivência familiar, defendendo que, abordagem transparente em todos os aspectos é a chave para o sucesso, tanto financeiro ou conjugal.
Salientou que, o colapso financeiro das famílias moçambicanas começa quando apenas um membro se torna rico e os restantes continuam pobres, situação que coloca os agregados em vulnerabilidade, uma vez que, quando esse membro morre, morre igualmente toda a perspectiva de prosperidade.
Desafiou os proponentes do “Meu Negócio, Minha Família” a ampliarem a divulgação das valências do projecto, fazendo chegar as zonas rurais, para que outro tipo de camadas sociais possa se beneficiar e entender a importância de negócios dentro da família.
“Quando nós percebemos muito bem o que queremos dentro da nossa casa, qual é o nível de família que queremos e para onde pretendemos chegar, a base é a conversa sobre tudo, incluindo os negócios. Quando uma pessoa soe e rica dentro de casa, a morte dessa pessoa, morre também o sonho”, salientou a pastora.