(AIM) – O Grupo Banco Mundial aprovou cerca de 7,1 bilhões de dólares norte-americanos em projectos de desenvolvimento em Moçambique na última década.
Os investimentos foram realizados nos sectores cruciais da economia moçambicana, particularmente produção de energia, construção de infra-estruturas, agricultura, finanças públicas, desenvolvimento municipal e resiliência às mudanças climáticas. Este último reveste-se de uma importância particular pela ocorrência de eventos extremos com uma maior frequência e intensidade.
Por isso, como desafios, ao longo da última década de intervenção no país, o Banco Mundial aponta o impacto adverso dos choques associados as alterações climáticas que impactaram negativamente a implementação dos referidos projectos.
A informação foi partilhada pelo director interino do Banco Mundial em Moçambique, Elvis Langa, num breve contacto mantido com a AIM.
“O total dos projectos aprovados nos últimos 10 anos é de 7,1 milhões de dólares norte-americanos. Os projectos ocorrem nas áreas de energia, estradas, agricultura, educação, entre outras”, disse Langa, a margem da apresentação do Relatório de Avaliação do Programa do Banco Mundial em Moçambique.
Sobre a avaliação, um documento que analisa a importância da assistência do Grupo Banco Mundial em Moçambique face aos desafios que o país enfrenta, onde são apontados desafios ligados a fraca coordenação de prioridades internas com vista a melhorar a qualidade da intervenção, a ausência de diagnóstico de base para conduzir as reformas prioritárias, bem como a corrupção e a influência das elites no Estado, Langa entende tratar-se de um documento que vai ajudar a melhorar os procedimentos.
Segundo a fonte, o documento constitui um mecanismo de olhar o país por dentro, tendo em conta que a actuação do Banco Mundial é sempre em coordenação com o Governo, bem como compreender da melhor forma o impacto das intervenções do Banco, reconhecendo que, parte das recomendações apontadas pela avaliação já estão a ser cumpridas no quadro da parceria como o governo para o período 2023-2027.
Reagindo as recomendações do relatório, o vice-ministro da Economia e Finanças, Amílcar Tivane, reconheceu o mérito do documento, mas aponta a necessidade de uma reflexão sobre a arquitectura da concepção dos programas do Banco Mundial, como forma de calibrar a sua intervenção para optimizar os recursos colocados a disposição do país.
“Achamos que há problema aqui do desenho dos programas. Temos que repensar toda a arquitectura por detrás da concepção desses programas para Moçambique”, disse o Vice-ministro.
Sobre as vulnerabilidades em relação aos choques climáticos, apontados igualmente como um pilar das recomendações, o governo reconhece que nos últimos 10 anos, a intervenção do Banco de Mundial teve uma contribuição significativa no fortalecimento da arquitectura institucional.
Sobre o sector agrário, o governo também entende que a intervenção do Banco está aquém das expectativas. Por isso, exorta aquela instituição multilateral de crédito para procurar compreender os factores por detrás de grandes investimentos e, paradoxalmente, obter resultados baixos.
“São lições importantes para calibrarmos a assistência do Banco Mundial nos próximos tempos”, disse a fonte.
Refira-se que, o Banco Mundial voltou a destacar o impacto negativo das dívidas ocultas na economia, recordando que no período que antecedeu o escândalo, Moçambique fazia parte de um grupo restrito que registava um crescimento anual de oito por cento.
(AIM)
Paulino Checo (PC)/sg