Maputo, 13 Jul (AIM) – A companhia petrolífera norte-americana Exxon Mobil considera que o investimento no gás natural de Moçambique está encaminhado para ser tomada uma Decisão Final de Investimento em 2025, começando a produzir no final da década.
‘Muito depende ainda da situação de segurança, que tem estado a ser muito bem gerida’, ressalvou o vice-presidente da companhia para a exploração de petróleo e gás, Peter Clarke, numa conferência em Vancouver.
Citado pela agência de informação financeira Bloomberg, o responsável acrescentou que ‘o Governo [moçambicano] está a fazer um bom trabalho” e disse esperar “ter notícias mais positivas sobre isso” até ao final do ano.
Esta é a primeira vez que a Exxon fala em datas relativamente ao projecto de construção de uma fábrica no norte de Moçambique, depois de o projecto estar parado desde 2020 devido à ataques terroristas na região.
Uma aprovação em 2025 colocaria o projecto no bom caminho para iniciar a exploração e exportação no final desta década, escreve a Bloomberg, sem citar directamente o vice-presidente da Exxon a dizer que a Decisão Final de Investimento, o ponto a partir do qual se torna mais caro desistir do projecto do que avançar, será tomada em 2025.
O projecto da Exxon em Cabo Delgado previa uma produção de 15,2 milhões de toneladas por ano, mas a companhia antevê uma produção anual de 18 milhões de toneladas actualmente.
A nível global, a petrolífera planeia duplicar, até 2030, o portefólio de Gás Natural Liquefeito, cuja produção está actualmente nas 24 milhões de toneladas anuais.
Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.
Dois desses projectos têm maior dimensão e preveem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para o exportar por via marítima em estado líquido.
Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após um ataque armado a Palma, em Março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura.
O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).
Um terceiro projecto concluído e de menor dimensão pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma fluctuante de captação e processamento de gás para exportação, directamente no mar, que arrancou em Novembro de 2022.
A plataforma fluctuante deverá produzir 3,4 mtpa (milhões de toneladas por ano) de gás natural liquefeito, a Área 1 aponta para 13,12 mtpa e o plano em terra da Área 4 prevê 15 mtpa.
A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos ataques armados, sendo alguns reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O acto levou a uma resposta militar desde Julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projectos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.
(AIM)
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