Maputo, 21 Jul (AIM)- Mais de 70 por cento dos funcionários públicos moçambicanos que tinham abandonado os postos de trabalho devido às acções terroristas em Cabo Delgado já regressaram aos seus distritos, disse membro do Governo.
‘Na última reunião que fizemos, a província disponibilizou muita informação em relação ao que está a acontecer, percebemos inclusive que por exemplo no distrito de Quissanga 70 por cento da população já retornou e noutros distritos estamos na fasquia entre 75 por cento a 80 por cento do retorno dos funcionários, o que significa que retomámos os serviços públicos em vários distritos’, disse o vice-ministro da Administração Estatal e Função Pública, Inocêncio Impissa, em declarações aos jornalistas durante uma visita a Pemba, capital da província de Cabo Delgado.
Inocêncio Impissa acrescentou que os ataques terroristas na província, para além de motivar o abandono da população e funcionários nos distritos como Quissanga, Nangade, Mocímboa da Praia, Palma, Muidumbe, Meluco e Macomia, destruíram igualmente os arquivos, pelo que apelou aos gestores de recursos humanos para que harmonizem os dados para voltarem a enquadrar os funcionários na respectiva tabela.
‘Temos um desafio na gestão de recursos humanos porque, como sabem, os funcionários foram surpreendidos, muitos deles perderam processos individuais, alguns foram destruídos por conta da destruição que ocorreu por conta do terrorismo’, admitiu o governante, citado pela DW.
‘O exercício que temos que fazer agora é o desafio de reconstituir os processos dos funcionários através de evidências que poderão existir, como é caso do visto do tribunal administrativo, que é electrónico, que deve estar registado nos nossos equipamentos, a questão de folhas de pagamento de salários. Isso vai ajudar a enquadrar melhor os funcionários que não tiverem os seus processos’, acrescentou.
A província de Cabo Delgado tem pouco mais de 24.000 funcionários públicos e apenas 249 ainda não foram enquadrados na nova Tabela Salarial Única, que o Governo moçambicano está a implementar em todo o país desde o final de 2022.
A província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, enfrenta há cinco anos ataques terroristas sendo alguns reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O acto levou a uma resposta militar desde Julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projectos de produção de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul de região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.
(AIM)
FF