Maputo, 25 Jul (AIM) – A indústria manufactureira nacional, que continua a desempenhar um papel fundamental para o crescimento económico de Moçambique, revela uma estagnação nos últimos 10 anos, com sinais de declínio em vários aspectos.
Esta é a conclusão de um relatório recente sobre a indústria manufactureira nacional, conduzido pelo Ministério da Economia e Finanças (MEF) e seus parceiros.
Como uma das razões para o fenómeno, o referido relatório consultado hoje pela AIM, disponível na página oficial do MEF, aponta que 68 por cento das empresas que solicitam financiamento bancário têm dificuldade de acesso a crédito, e uma média taxa de juro considerada das mais elevadas do continente.
Os autores do documento chegaram a esta conclusão com base na avaliação do clima de investimento e o Mix Market, instrumentos utilizados nas análises económicas.
Esta realidade está exposta no Inquérito às Indústrias Manufatureiras Moçambicanas (IIM) 2022, com os resultados publicados no mês de Junho, chamando atenção ao Executivo sobre a necessidade de renovação de políticas que apoiem o crescimento económico, olhando para a indústria manufactureira como um verdadeiro motor do desenvolvimento.
“Sobre o desenvolvimento do sector produtivo moçambicano, uma mensagem política fundamental é que o sector tem tido dificuldades significativas em progredir como desejado e contribuir para a tão necessária transformação económica, industrialização e desenvolvimento em Moçambique. Não há evidências significativas de industrialização, apesar do foco a longo prazo no apoio às empresas industriais “, lê-se no documento.
Com o objectivo de rastrear as empresas entrevistadas nas duas rondas de inquéritos anteriores do IIM 2012 e IIM 2017, respectivamente, para documentar a evolução das empresas do sector manufactureiro durante a última década, o IIM 2022 constatou que, das 831 empresas entrevistadas em 2012, foram encontradas apenas 355 continuavam em funcionamento em 2022, o que significa que, o remanescente deixou de funcionar, ou seja, encerrou o seu negócio.
Já o capítulo que analisa as características da mão-de-obra, que o sector emprega, mostra que as empresas manufactureiras perderam cerca de 2.500 postos de trabalho nos últimos 10 anos e não parece que tenham sido substituídos por novos empreendimentos, num contexto de um país com uma população muito jovem e em franco crescimento.
“Trata-se de uma tendência preocupante. Do total da mão-de-obra, apenas seis por cento dos trabalhadores são mulheres e, tal como o número total de trabalhadores, diminuiu ao longo do tempo. Naturalmente, a percentagem de trabalhadores femininos também diminuiu “, lê-se no documento.
O estudo também avança que entre 2012 e 2022, o número de empresas que contribuem para o sistema nacional de segurança social através do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) permaneceu estagnado, um desenvolvimento considerado surpreendente, uma vez que uma das prioridades do governo é expandir o sistema de segurança social.
Como solução para a revitalização da indústria manufactureira, o inquérito propõe a redução do número e os custos das licenças e inspecções necessárias para as empresas, aprofundamento das cadeias de valor que vão permitir a especialização e cooperação das empresas para o aumento da produtividade, melhoria das ligações às cadeias de valor internacionais, bem como procurar compreender porque é que a oferta de financiamento para actividades do sector privado é mais lenta a reagir à crescente procura de crédito.
O estudo exorta as autoridades para apoiarem as empresas para que possam reagir de atempadamente aos riscos, face ocorrência, no futuro, de eventos extremos cada vez mais frequentes e de maior intensidade, particularmente cheias e ciclones, aumentando o risco de realização de negócios.
O inquérito abrangeu as principais áreas urbanas de sete províncias, nomeadamente, Maputo Cidade, Maputo Província, Gaza, Sofala, Manica, Tete e Nampula.
(AIM)
PC/sg